A precariedade dos portos paranaenses é o principal entrave aos negócios destacado por empresários que atuam no Estado. De uma forma geral, a insatisfação engloba todos os modais de transporte do Paraná. Este é um dos principais resultados da pesquisa “Competitividade Brasil – Custos de Transação”, feita nas bases regionais da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) de Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Campinas.
Do total de entrevistados, 73% declararam-se insatisfeitos ou totalmente insatisfeitos com as condições dos portos no Estado, mesmo por aqueles que não utilizam os serviços do porto diretamente. O vice-presidente regional da Amcham Curitiba, Eduardo Guy de Manuel, lembrou da perda de competitividade com os portos vizinhos de Santa Catarina. “É imensa a quantidade de empresários felizes da vida trabalhando em Itapoá, Itajaí e São Francisco do Sul”, citou.
A mesma insatisfação aparece na avaliação das condições oferecidas pelas estradas (75% de reprovação das rodovias públicas federais e 63% nas rodovias públicas estaduais) e pelos aeroportos (71%) de todo o Paraná. Uma opinião diferente aparece na análise das rodovias públicas pedagiadas, que não são vistas como um problema para o empresariado local: 56% dos entrevistados estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos com essas estradas.
A reivindicação de mais apoio governamental ao setor de modais de transporte é o pedido que mais aparece na pesquisa entre os empresários do Estado, uma particularidade quando se analisa a opinião de executivos de outros estados entrevistados pela Amcham, que inicialmente destacam investimentos em educação e formação profissional.
Nesse quesito, o Paraná é bem avaliado, de acordo com o presidente da Amcham Brasil, Gabriel Rico. “Há um reclamo menor da qualificação profissional no Paraná em relação a outros estados), onde há uma formação acima da média nacional”, avalia.
Em relação a investimentos do governo estadual nas estradas, ainda não há obras em andamento. De acordo com o secretário estadual do Planejamento, Cássio Taniguchi, até o final deste ano o governo está concentrando esforços para a elaboração dos projetos finais de engenharia.
Perda de competitividade
Outro destaque particular do empresariado paranaense é para a avaliação de perda de competitividade da indústria automobilística aqui instalada. Os fatores apontados pela Amcham são a isenção de tarifas resultante do acordo de livre comércio com o mercado mexicano e a relação sindical. “As centrais sindicais do Paraná são percebidas como mais selvagens do que as de São Paulo ou Minas Gerais, por exemplo”, afirma o vice-presidente da Amcham Curitiba.
Manuel considera que o acordo de livre comércio com o México é um indutor de problemas. “Algumas empresas já se manifestaram no sentido de fechar fábrica ou diminuir a produção aqui, preferindo fazer no México e trazer o produto para vender no Brasil”, comenta.
Segundo o empresário, as montadoras ou autopeças podem não ir embora do Paraná, mas sim começar a transferir linhas de produção importantes para o México, por exemplo. “No raciocínio de uma empresa multinacional, com um clique do mouse você muda o local de produção”, diz.
Fonte: O Estado do Paraná/Luciana Cristo
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