Em cinco anos, só a Petrobras investiu R$ 25 bilhões na região e plajeda mais que dobrar esse valor até 2014
Por conta da exploração da maior bacia sedimentar brasileira de petróleo e gás no mar, a Bacia de Santos, a Petrobras já investiu na região US$ 15 bilhões – algo em torno de R$ 25 bilhões - em cinco anos. “Só no pré-sal, nossa previsão é investir US$ 33 bilhões (R$ 54,5 bilhões) até 2014”, afirma José Luiz Marcusso, gerente-geral da estatal em Santos, no litoral paulista. A área do pré-sal se estende de Santa Catarina ao Rio de Janeiro.
Marcusso diz que hoje há 24 sistemas em funcionamento na região de Santos, com cerca de 100 pessoas trabalhando em cada um. São 17 sondas de perfuração e equipamentos perfurando na área e mais sete sistemas produzindo petróleo e gás. “Três deles estão no pré-sal. É uma grande revolução”, avalia o executivo. Cada um desses sistemas tem um barco de apoio. “São entre 3.000 e 3.500 pessoas no mar. E mais 1.000 pessoas em terra para dar suporte a essas operações”, diz ele.
Toda essa movimentação está irrigando a cidade de Santos. Ela passa por um momento único de renovação. “Santos vive hoje o seu melhor cenário nos últimos 50 anos”, afirma João Paulo Tavares Papa, prefeito da cidade. “Por isso, estamos nos preparando.” Essa preparação, segundo ele, passa por projetos em parceria com a iniciativa privada e também com organismos de fomento.
A Petrobras, além de toda a operação, está construindo na área conhecida como Valongo, bem próxima ao Porto de Santos, sua sede para a região. Comprou por R$ 15,18 milhões um terreno onde irá erguer três torres. A primeira está orçada em cerca de R$ 400 milhões, deverá ficar pronta em 2013 e receber 2.200 pessoas. Em todo o complexo, que deverá estar construído até 2017, serão 6.100 funcionários.
Diante dos valores, Marcusso avisa: “Para perfurar cada poço, gastamos entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. Um projeto total de petróleo e gás, dependendo do porte, passa de US$ 4 bilhões, US$ 5 bilhões”.
Segundo o executivo da Petrobras, o plano para o pré-sal é que em 2017 a Bacia de Santos esteja produzindo 1 milhão de barris de petróleo equivalente por dia. “O Brasil levou de 1953, data da criação da Petrobras, até 1998 para atingir a média de 1 milhão de barris/dia”, lembra.
Inteligência da exploração
O prefeito Papa não quer deixar escorrer um tostão de toda essa dinheirama. “A exploração do pré-sal chega em um momento em que a cidade já está bem posicionada. O que nos interessa é tirar o melhor proveito do nosso desenvolvimento e capacitar nossa mão de obra para a inteligência da exploração, para atuarmos na gestão”, diz Papa.
O peemedebista tem feito diversos projetos, muitos deles em parceria com a iniciativa privada, para aproveitar a maré de recursos. A cidade é um canteiro de obras a céu aberto. Todos os dias surgem novas torres residenciais e comerciais. Há planos de uma nova ponte e áreas de armazenagem privada. “São sete hotéis em construção, prontos ou em projetos”, afirma o prefeito. “Isso após 20 anos sem um único investimento no setor.” Os negócios de menor porte, com mais dinheiro em circulação, estão crescendo exponencialmente.
Um dos planos ambiciosos da prefeitura é passar a explorar a área continental de Santos. A população da cidade é hoje de 420 mil habitantes, com crescimento de apenas 0,5% no último Censo, espremida nos 39 quilômetros quadrados da área insular. A renda per capital anual é de pouco menos de R$ 60 mil, segundo dados de 2008. Para serem explorados, há os 231 quilômetros quadrados da área continental disponíveis. Mas o prefeito ressalva que hoje apenas pouco mais de 4% podem ser ocupados – o restante faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar ou é área de manguezais.
Já está na Câmara Municipal um projeto que amplia essa fatia a ser explorada para 8,7% do total continental, ou 20,16 quilômetros quadrados. É pouco, mas mais que a metade da área atual da cidade. “Essa área sempre foi considerada o futuro de Santos, pois tem um grande potencial para o desenvolvimento de atividades de apoio offshore”, lembra Papa.
Projetos
Entre os planos para a nova área, diz o prefeito, estão a ampliação do Porto de Santos, atividades retroportuárias – como documentação aduaneira e atividades ligadas ao comércio externo -, empresas que precisem de galpões para montar e desmontar seus produtos em área próxima ao porto, e um espaço para o Parque Tecnológico, recém-criado. “É preciso cuidar da ocupação voltada para o desenvolvimento econômico.”
João Paulo Papa lembra que o orçamento da cidade para este ano é de R$ 1,4 bilhão, incluindo os gastos previdenciários com os servidores. “Para desenvolvermos a nova parte da cidade, o papel do setor público é preparar institucionalmente e legalmente o território”, avisa. Dinheiro, só dos parceiros.
Márcio Lara, secretário de Desenvolvimento do município, lembra que, para atrair empresas ligadas à atividade de petróleo e gás, Santos reduziu a alíquota de Imposto sobre Serviços (ISS) de 4% para 2%. Outro setor beneficiado é o das empresas de sistemas tecnológicos e de call center, que tiveram a taxa de ISS cortada de 5% para até 2%. O benefício, inclusive, já atraiu duas gigantes, a Atento e a Tivit.
Lara afirma que a cidade planeja uma nova ponte, que irá abrir uma entrada por meio da Ilha Barnabé, facilitando o transporte com a área continental do município. Segundo ele, a Ecovias, companhia operadora do sistema Anchieta-Imigrantes, já mostrou interesse em participar da concessão.
O prefeito destaca que a autoridade portuária planeja triplicar a atuação do Porto de Santos, das atuais 80 milhões de toneladas por ano, para 240 milhões de toneladas, num projeto denominado Barnabé-Bagres. “O plano da Companhias Docas do Estado de São Paulo é estar com a obra pronta em cinco anos. É um projeto para cerca de R$ 10 bilhões”, prevê Papa.
Fonte:Grande Prêmio/Nelson Rocco, enviado especial a Santos
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