Empresários, trabalhadores e autoridades do Porto de Santos, no litoral de São Paulo, se reuniram nesta quarta-feira (18) e montaram um Comitê de Crise para definir as ações que serão tomadas em relação ao coronavirus. A preocupação é com a saúde dos trabalhadores e com a movimentação de cargas no maior porto do Brasil.
O encontro ocorreu na sede do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp). Além do presidente do Sopesp, representantes do Sindicato dos Estivadores (Sindestiva), do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), do Ogmo e da Autoridade Portuária, entre outros, participaram da reunião.
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O Sindicato dos Estivadores se mostrou preocupado com a saúde dos trabalhadores e com uma eventual suspensão das atividades, além de outras medidas que possam afetar a categoria. Se as operações forem interrompidas, o trabalhador avulso ficaria sem receber pelo trabalho.
“A escala online não dá garantia de trabalho e ganho aos trabalhadores. Há um recuo por parte deles (empresários), que a gente vê com bons olhos, mas o mais importante que é a vida, a questão da pandemia, não está resolvida. Viemos aqui principalmente por isso”, disse Rodnei Oliveira da Silva, o Nei da Estiva, presidente do Sindestiva.
Autoridades, trabalhadores e empresários se reúnem para discutir medidas contra o coronavirus no Porto de Santos — Foto: Divulgação/SopespAutoridades, trabalhadores e empresários se reúnem para discutir medidas contra o coronavirus no Porto de Santos — Foto: Divulgação/Sopesp
Autoridades, trabalhadores e empresários se reúnem para discutir medidas contra o coronavirus no Porto de Santos — Foto: Divulgação/Sopesp
Outra preocupação é com a saúde dos trabalhadores. Eles dizem que estão com medo de entrar nos navios e continuar os trabalhos. “Nós temos contato direto com a tripulação. Todas essas tripulações que vem, porque o porto é a porta para o mundo, vem de várias nacionalidades. Não temos como descarregar os navios as embarcar as mercadorias sem ter contato com a tripulação. Queremos deixar aqui esse risco que correm os trabalhadores. E não estamos pensando só em nós trabalhadores, estamos pensando na população”, disse Nei.
O posto de escalação reúne dezenas de trabalhadores em um mesmo local. Segundo os trabalhadores, para participar da escalação, eles têm que fazer a biometria e não estão disponibilizando o álcool gel. A princípio, o Ogmo iria fechar o posto de escalação 3. Porém, segundo o Órgão Gesto de Mão de Obra (Ogmo), em Santos, por enquanto, isso não será feito e o órgão irá apenas reduzir as aglomerações de forma que o risco de contaminação seja mitigado.
Segundo o presidente do Sindaport (Sindicato dos Empregados na Administração Portuária), Everandy Cirino dos Santos, o Porto de Santos vão fazer uma campanha de informação aos trabalhadores.
“A Autoridade Portuária assumiu o compromisso de estar providenciando o cumprimento das normas de segurança nos Gates. Houve um avanço de fazer um trabalho coletivo, uma gestão com o Governo Federal, no sentido de liberar o Fundo de Garantia aos trabalhadores portuários avulsos”, disse Cirino.
O Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp) é a favor da continuidade dos trabalhos por causa da movimentação de cargas para o país. O Presidente do Sindicato, Regis Prunzel, disse que também está adotando medidas de saúde recomendadas pelas autoridades e que vai buscar soluções para os problemas apresentados pelos trabalhadores.
“Tem um cuidado adicional nas embarcações, mas no Brasil os casos não vieram das embarcações, vieram de forma normal, ou seja, entrou por aeroporto, pessoas que foram no exterior. A gente já passou dessa fase. Estamos na fase do compartilhamento comunitário em função do contato. Temos que cuidar, seguir as orientações dos órgãos de saúde, de Vigilância Sanitária para que a gente tenha o maior zelo”, disse.
No começo da tarde desta quarta-feira, os estivadores se reuniram em uma assembleia no sindicato para saber quais foram as decisões tomadas durante a reunião que aconteceu com a autoridades portuárias.
Fonte: G1