Reforços, dragagens e projetos de ampliação levarão porto de Rio Grande a alcançar 50 milhões de toneladas até 2015
O porto do Rio Grande fechou 2011 com aproximadamente 30 milhões de toneladas movimentadas. O resultado, segundo a Superintendência do Porto do Rio Grande (Suprg), mantém o ritmo anual de crescimento do porto, que tem sido de até 9%, nos últimos cinco anos. Entre janeiro e novembro de 2011, passaram pelo porto 28.394.482 de toneladas, acima dos cerca de 27,7 milhões de toneladas movimentadas em 2010. A expectativa da administração do porto é chegar a 2015 movimentando 50 milhões de toneladas de carga geral por ano. “Está havendo crescimento anual de 7% a 9%. Isso é positivo, na medida em que estamos conseguindo atrair cargas e demonstrando a capacidade competitiva do porto do Rio Grande no mercado nacional e internacional”, destaca o diretor-superintendente do porto, Dirceu da Silva Lopes.Porto em expansão
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- Portos e logística
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Para ampliar a movimentação atual e receber navios de maior porte com escalas cada vez menores, o porto do Rio Grande estuda projetos de expansão, modernização e dragagens em sua estrutura. Em dezembro, teve início a dragagem de manutenção dos 16 metros de profundidade do trecho interno do canal de acesso ao porto, que deve durar cinco meses. A dragagem será realizada no trecho do canal interno, entre os Molhes da Barra e o píer petroleiro, e deve retirar 3,8 milhões de metros cúbicos de material depositado nessa faixa. O objetivo da operação é garantir a segurança da navegação no porto.
A dragagem será realizada pelo consórcio formado pela brasileira Odebrecht e a belga Jan De Nul. Nos primeiros quatro meses, a dragagem será feita pela draga Sanderus, que tem produção semanal de 95 mil metros cúbicos. A fase final da dragagem, a partir de março, será realizada pela draga James Cook ou similar, que tem produção semanal de 250 mil metros cúbicos. Segundo Lopes, as dragagens de manutenção do porto novo e do canal de acesso receberão cerca de R$ 55 milhões de investimentos. Os recursos serão provenientes da superintendência.
A administração do porto também modernizará 1.125 metros de cais no Porto Novo com aprofundamento de calado. O objetivo é criar novas possibilidades para operação portuária no porto público, com mais agilidade operacional e confiabilidade, permitindo a chegada de navios de maior porte e economia de escala. Na primeira etapa, a obra alcançou um trecho de 450 metros (dois berços), com 14 metros de calado. Além disso, a bacia de evolução receberá recursos para dragagem, passando de 12 metros para 14 metros de calado. O pacote prevê investimentos de R$ 120 milhões para as modernizações, com recursos da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), cuja meta é começar a obra até maio de 2012, podendo ficar pronta no final de 2013.
Lopes explica que a dragagem de aprofundamento no cais necessita das obras de reforços prontas, na medida em que o berço não suportaria o procedimento. Enquanto isso, as dragagens de manutenção serão realizadas para uniformizar os calados entre 10 metros e 11 metros. Em alguns pontos do porto, essa medida está entre nove metros e 9,5 metros.
O diretor-superintendente afirma que o porto do Rio Grande está numa condição favorável de operação e reúne condições de, em curto prazo, movimentar 50 milhões de toneladas. Apesar disso, ele ressalta que também é preciso pensar o porto de médio a longo prazo. Lopes revela que o porto está trabalhando com a possibilidade de duas obras de expansão. Uma delas possui um projeto conceitual sendo finalizado e prevê a construção de 16 berços na Ilha do Terrapleno, que fica na frente do cais do Porto Novo. Outra possibilidade, em negociação com órgãos ambientais, seria a extensão do cais sul. “Vamos preparar todos os projetos. A ordem é que todos os projetos de expansão estejam preparados até o final do primeiro semestre de 2012 para fazermos as avaliações necessárias”, conta o diretor-superintendente.
Na primeira opção, seria feita uma ligação da ilha com o porto novo por ponte, sendo construídos berços em volta da ilha. “A tendência é trabalharmos a ilha numa parceria público-privada. Já existem alguns interessados, desde operadores, importadores e exportadores até a indústria de construção. Por isso estamos dando prioridade para esse projeto”, adianta Lopes. A administração do porto faria a parte inicial, estudos ambientais, processo inicial de liberação de estudos ambientais, projeto conceitual e trabalharia na atração de empresas privadas.
Nesse caso, a ilha passaria a ter dois quilômetros de cais. O canal natural, que hoje já tem 12 metros, seria expandido para 14 metros. “Estamos tendo um cuidado especial. É um projeto que vem resolver hoje as solicitações de diversos empreendedores de berço. Portanto, podemos alocar operadores privados, vamos colocar na ilha todo sistema de VTMIS”, aponta Lopes.
Lopes destaca ainda que o porto novo tem sido uma incubadora de pequenos operadores. Ele conta que lá surgiu grande parte das empresas de fertilizantes, operadores de grãos e o terminal de contêineres. “O porto novo é uma grande incubadora de pequenos e médios operadores portuários. Ali saíram os operadores que estão no Superporto”, analisa. Atualmente, estão no porto novo entre 30 e 40 operadores portuários.
O porto do Rio Grande fechou 2011 com uma movimentação de cerca de 30 milhões de toneladas. Entre janeiro e novembro, o segmento com maior percentual movimentado foi o de granel sólido, com 18.411.360 toneladas. Em relação à carga geral e ao segmento de granel líquido, foram movimentadas 6.557.388 toneladas e 3.425.734 toneladas, respectivamente. A exportação de mercadorias representou 57,53% do total movimentado, o equivalente a 16.335.309 toneladas e um aumento de 23,65% em relação a 2010.
As principais mercadorias exportadas no porto nesse período foram a soja em grão, o farelo de soja, o trigo, o arroz e o cavaco de madeira. A soja em grão foi a mercadoria com o maior número movimentado (5.787.725), 24,85% acima do mesmo período de 2010. Apesar disso, a mercadoria que apresentou o maior percentual de crescimento foi o arroz, com variação de 275,79% em relação ao ano anterior. O trigo também destacou-se com variação de 189,86%. Entre os principais destinos das exportações estão China, Espanha, Holanda, Japão e Algéria.
Já a importação representou 20,80% da movimentação no período de janeiro a novembro de 2011, somando 5.904.853 de toneladas. Entre as principais mercadorias importadas estão a ureia, com incremento de 12,14%, o cloreto de potássio granulado (9,98%), o fosfato cálcio natural (41,89%), o ácido sulfúrico (4,65%) e fosfato monoamônico granulado (24,87%). Entre as importações, as mercadorias têm como principais países de origem Marrocos, Argentina, Lituânia, China e Estados Unidos.