Rio de Janeiro - O porto do Canal das Flechas, na Barra do Furado, divisa entre os municípios de Quissamã e Campos, na Região Norte Fluminense, começa efetivamente a se tornar realidade com a assinatura do contrato para o início da dragagem no local. O ato aconteceu ontem, em cerimônia realizada durante abertura da Feira Rio Oil & Gás Expo and Conference, no Riocentro, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
Projeto coordenado pela Secretaria de Estado de Transportes, por sua importância logística para o desenvolvimento da região e do próprio estado, o Complexo Logístico e Industrial da Barra do Furado, um sonho acalentado há mais de 10 anos, será voltado principalmente para o atendimento às atividades produtivas da Bacia de Campos.
O contrato foi assinado pelos prefeitos de Quissamã, Armando Carneiro, e de Campos, Nelson Nahim, com o consórcio de empresas construtoras responsáveis pela dragagem do canal. O consórcio é formado pelas empresas Norberto Odebrechet, Queiroz Galvão e OAS. Orçada em R$ 130 milhões, a obra, inicialmente nos dois primeiros quilômetros do local, vai durar 18 meses. Com a dragagem, o canal terá profundidade de sete metros, capaz de receber navios de grande calado.
Também foi assinado pelos prefeitos e por dirigentes de três empresas - STX Brasil OffShore, Edson Chouest e Alopar - um termo de compromisso oficializando o início das atividades desses empreendimentos - dois estaleiros e uma empresa que dará apoio às plataformas offshore (usadas para perfurar o solo marinho), na Bacia de Campos. A região também ganhará um terminal pesqueiro, que vai melhorar as condições de trabalho dos pescadores da área, conforme lembrou o prefeito de Quissamã.
- Com o terminal pesqueiro, os pescadores terão local apropriado para o desenvolvimento da atividade, que vai ganhar um grande impulso - aposta Carneiro.
Segundo o subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, presente à cerimônia, o Governo do Estado é parceiro da Prefeitura de Quissamã no projeto de recuperação do enrocamento existente no canal, que também ganhará um prolongamento na embocadura. O projeto, cuja licitação está em curso, terá investimento de R$ 32 milhões, cabendo ao Governo do Estado cerca de R$ 20 milhões do total.
A expectativa do prefeito de Quissamã é que mais empresas se interessem pela região a partir da dragagem do Canal das Flechas.
- Além dessas três primeiras empresas, a obra vai atrair outros empreendimentos que vão se interessar por aquela região, que realmente tem uma localização privilegiada. As empresas que operam, trabalham com logística, com peças, com dutos, extração e manutenção das plataformas são as principais interessadas na região. Mas temos também empresas ligadas à área de estaleiros e à indústria da pesca. Os pescadores da região serão beneficiados diretamente, já que vão ter um porto seguro de atracação para as suas embarcações - destacou o prefeito de Quissamã.
O prefeito de Campos, Nelson Nahim, disse que o empreendimento coloca a região em posição privilegiada no cenário da indústria naval e abre oportunidades com a geração de emprego e renda.
- Serão milhares de empregos gerados. Um desenvolvimento enorme para toda a região. Temos que nos preocupar com este crescimento para que não seja desordenado. Eu e Armando vamos fazer com que a economia da região possa alavancar e, com isso, gerar benefício para toda população - completou o prefeito campista.
As três empresas iniciais, que devem ser implementadas num prazo de dois anos, poderão gerar cerca de três mil empregos diretos e milhares de outros indiretos. A dragagem abrirá, no início, 250 vagas de emprego.
Plano para o setor inclui construção de portos fluviais
Brasília
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) está fazendo uma revisão no Plano Geral de Outorgas do setor portuário para incluir estudos sobre a necessidade de construção de portos em rios no interior do país. A primeira versão do plano, que foi concluída no ano passado, apontou apenas a necessidade de construção de novos portos marítimos.
Segundo o diretor-geral da Antaq, Fernando Fialho, a revisão do plano deve ficar pronta em um ano. Para ele, o objetivo é aumentar o uso das hidrovias para o escoamento da produção do país. Fialho disse, também, que o uso de hidrovias no lugar das rodovias poderá reduzir o custo do transporte da produção agrícola entre 20% e 30%, além de diminuir em até 68% a emissão de gás carbônico pelo transporte rodoviário.
A Antaq já identificou nove corredores hidroviários que poderão receber novos portos: nos rios Tocantins, Rio Madeira, São Francisco, Parnaíba, Paraguai, Tietê, Paraná, Teles Pires e Tapajós e o corredor do Mercosul, que reúne os rios Jacuí e Ibicuí (RS).
Segundo Fialho, o governo vai identificar as áreas prioritárias. Ele destacou que a grande maioria dos investimentos virá da iniciativa privada. "Esse estudo identifica possibilidades, e aí a demanda do mercado, de empresários privados e do governo de instalar novos portos públicos é que vai definir efetivamente a implantação", disse.
O presidente da Antaq participou hoje de um debate sobre as perspectivas do setor portuário com integrantes do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para o presidente do conselho, José Mascarenhas, o Plano de Outorgas é um avanço para o futuro, mas antes disso é preciso melhorar a gestão dos portos que já existem, porque o transporte de cargas por meio de hidrovias é mais barato e eficiente.
Fonte: Diário do Vale
PUBLICIDADE