Pré-sal e comércio exterior potencializam a verticalização de Santos e atraem empresas de peso. Cidade terá edifícios de 40 pavimentos
SÃO PAULO - O pré-sal e a expansão do comércio exterior no País vêm movimentando os negócios em Santos, mas há escassez de imóveis corporativos à altura das empresas que estão chegando lá ou mudando suas bases paulistanas para a cidade do litoral paulista, onde têm operações importantes na zona portuária.
Com isso, incorporadoras do porte da Adolpho Lindenberg e Cyrela, entre outras, desenvolvem projetos para abrigar os potenciais inquilinos – alguns dos edifícios chegarão a atingir 40 andares, fato inédito na cidade.
Esse quadro deve aumentar ainda mais o processo de verticalização na cidade, que por se situar numa ilha, tem pouco espaço para crescer. "No futuro, Santos irá se tornar uma nova Manhattan ou Cingapura", aposta o presidente da Real Consultoria Imobiliária, Lourenço Lopes, referindo-se à construção de arranha-céus na cidade (ver abaixo).
"Nos próximos cinco anos, cerca de 60 companhias devem mudar suas bases administrativas para Santos. E, nos próximos 20 anos, a cidade irá precisar de 900 mil metros quadrados de área em edifícios nas categorias corporativa (escritórios a partir de 600 m²) e office (salas de 30 a 50 m²)", diz.
Desde 2005, revela o executivo, 50 empresas – incorporadoras, construtoras e fundos de investimentos imobiliários – consultaram a Real sobre os melhores locais para compra de terrenos e planejamento de vendas de empreendimentos. "A tendência é que as companhias de comércio exterior concentrem seus diversos departamentos em uma mesma base, as cidades portuárias", diz Lopes. "Muitas reclamam dos custos de ter uma base em São Paulo e outra em Santos."
Comerciais
A oferta de imóveis corporativos, no entanto, ainda é insignificante na cidade. Se a capital possui 11 milhões de metros quadrados em escritórios, Santos tem de 2,5% a 4% desse total, segundo a CB Richard Ellis (CBRE), consultoria imobiliária comercial com sede nos Estados Unidos e filiais em 57 países.
"A maior parte dos escritórios existentes na cidade não tem infraestrutura moderna, capaz de atender às necessidades de grandes empresas, como sistema de ar-condicionado, internet rápida e vagas de garagem", afirma o diretor de locação da CBRE, Adriano Sartori.
O executivo diz que empresas com operações em Santos tendem a ampliar suas instalações por lá. "A demanda vem aumentando ano a ano, mas essa tendência depende muito dos investimentos feitos na melhoria do porto e no pré-sal", opina. "A espera média para o desembarque de mercadorias dos navios, por exemplo, é de cerca de 20 dias."
Próprio
Há empresas, no entanto, que já começaram a se mexer. A MSC Shipping, de transporte marítimo, construiu um edifício próprio de 16 andares na Avenida Ana Costa, que ficou pronto ainda em 2008. A Real fez a prospecção do terreno, onde foram construídos 16 mil metros quadrados de área privativa.
"A MSC procurou um prédio com características construtivas modernas em Santos e não encontrou", diz Sartori. "Foi por essa razão que ela decidiu contratar uma construtora e erguer sua própria sede."
A MSC ocupou cerca de 70% do total da área, e boa parte dos 30% restantes foi locada por meio da CBRE para grandes empresas.
"Alugamos para a Petrobrás e a empresa de navegação Wilson, Sons", conta Sartori. "Da mesma forma, a Petrobrás também queria alugar um prédio inteiro em Santos, mas não encontrou nada. Por isso, espalhou seus escritórios em diferentes endereços da cidade", finaliza.
No próximo mês, a Petrobrás vai começar a construir um edifício próprio no bairro Valongo, perto do porto.
Fonte: O Estado de S. Paulo /Jennifer Gonzales
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