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Portos mantêm operação e avaliam gargalos

Diante do agravamento da epidemia do coronavírus no Brasil, os terminais portuários do país reforçaram medidas de segurança, mas sem impacto na operação. No entanto, já existe uma preocupação quanto a possíveis gargalos logísticos por conta da crise.

O primeiro temor é a própria necessidade de dispensar funcionários. Autoridades e executivos do setor têm reiterado que não há previsão de qualquer paralisação dos terminais, como ocorreu na China. A medida-padrão tem sido implantar trabalho remoto para áreas administrativas, liberar funcionários em grupos de risco e ampliar as medidas de precaução para aqueles que atuam diretamente na operação portuária.


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Nesta quarta-feira, o Porto de Santos teve seu primeiro susto, com a ameaça de paralisação de estivadores, que chegaram a enviar carta às autoridades anunciando a decisão. A situação foi, a princípio, contida em uma reunião entre autoridade portuária, representantes das empresas e sindicatos. No entanto, há divergências entre as próprias entidades de trabalhadores, que vão se reunir hoje entre elas para fechar uma posição. Na sexta, está prevista uma nova rodada de conversas com operadores.

A Autoridade Portuária de Santos (SPA, na sigla em inglês) publicou nota afirmando que os acessos marítimos e rodoviários estão “abertos sem qualquer restrição” e que “atua para garantir o pleno funcionamento” do porto. O órgão tem tomado medidas de segurança desde o início da crise.

Para representantes do setor privado, a iniciativa dos estivadores foi vista como “oportunista”. Um dos pleitos atendidos foi a liberação de uma parcela do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aos funcionários.

Os sindicatos, porém, também afirmam que há, entre os trabalhadores mais expostos, um forte temor em relação ao risco de contaminação, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Administrativos em Capatazia (Sindaport). Na avaliação do presidente da entidade, Everandy Cirino dos Santos, a reunião de ontem foi “proveitosa”. O risco de uma paralisação ainda existe, diz ele, mas principalmente devido à categoria dos estivadores, que saiu insatisfeita do encontro.

Caso esse cenário se concretize, a avaliação de um analista, que pediu anonimato, é que estariam mais vulneráveis os terminais de granel e carga geral, já que os terminais de contêineres em Santos trabalham basicamente com funcionários próprios, e não avulsos.

Os terminais de contêineres DP World, Santos Brasil e Brasil Terminal Portuário (BTP) têm reforçado suas medidas de segurança e dispensaram funcionários, mas afirmam que não há impacto nas atividades.

A operação portuária também poderia ser impactada de outras formas, para além de uma parada de funcionários em si.

Uma das preocupações, por exemplo, é em relação à liberação da carga por órgãos fiscalizadores, como a Receita Federal, o Ministério de Agricultura ou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que precisam verificar importações.

O temor é que, com a demora, seja gerada uma fila enorme. Por enquanto, a liberação segue normalmente, mas já se prevê uma redução no efetivo desses órgãos, afirma o executivo de uma empresa que opera terminais, que falou sob condição de anonimato.

Para Luiz Fernando Garcia da Silva, presidente da Portos do Paraná (que administra Paranaguá e Antonina), não há previsão de um impacto na operação no Estado, “a não ser que haja problemas de mobilidade, tal como houve na China”, diz. No auge da crise no país asiático, um dos gargalos para chegada e escoamento das cargas foi a restrição dos caminhoneiros, que interromperam atividades.

Para Francisco Pelúcio, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, ainda é cedo para dizer se haverá impacto na movimentação, o que dependerá do agravamento da epidemia. Em março, a avaliação é que a movimentação tem sido positiva, impulsionada pela safra de soja, segundo dados preliminares de um operador rodoviário, que também não quis se identificar.

Em geral, a avaliação de executivos e analistas ouvidos pela reportagem sobre o cenário atual é que a incerteza é tão grande que as previsões parecem mudar a cada dia. O temor - e principal cenário a ser evitado, diz um deles - é o de pânico, o que poderia gerar uma paralisia nas atividades e um caos logístico no país.

Fonte: Valor






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