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Portos será turbinada para resolver conflito do PSB

A presidente eleita, Dilma Rousseff, vai anexar à Secretaria de Portos, Pasta que será comandada pelo PSB, a futura Secretaria de Aviação Civil, área hoje ligada ao Ministério da Defesa. O gesto é uma forma de compensar o partido pelo retorno abrupto, sem negociação, do nome de Ciro Gomes como ministeriável do PSB, tirando de um ministério importante o nome indicado pelo governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Ciro deve assumir o Ministério da Integração Nacional - Pasta que comandou no início do governo Lula, quando ainda era filiado ao PPS. A Secretaria de Portos e Aeroportos deve ficar com Fernando Bezerra Coelho, atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e afilhado político do governador.

Oficialmente, políticos do PSB comemoram o retorno de Ciro Gomes ao governo. "Ele é um grande quadro e tem condições de exercer qualquer função no governo Dilma", afirmou o senador eleito Rodrigo Rollemberg (DF). Internamente, contudo, o convite feito por Dilma a Ciro, passando por cima das conversas institucionais mantidas com a legenda, ainda causa constrangimento ao partido.

Tão logo Dilma foi eleita presidente, Eduardo Campos procurou Ciro Gomes agradecendo o empenho - ele foi o coordenador da campanha da petista no Ceará - e prometendo que um dos ministérios do futuro governo seriam dele, com a indicação do partido. Desde então, no entanto, Ciro dizia que não estava disposto a assumir nenhum novo cargo na administração pública federal.

Na semana passada, alguns dirigentes do PSB ainda tentaram demovê-lo da decisão, afirmando que, diante do apetite de outros partidos pelos cargos de segundo e terceiro escalão do Ministério da Integração, a indicação de Ciro daria um novo peso político à Pasta, impedindo o ataque fisiológico de outras legendas.

Diante de nova recusa, manifestada pelo governador do Ceará, Cid Gomes, em nome do irmão, o partido desistiu. Eduardo Campos embarcou para Brasília, permaneceu três dias na capital federal. Negociava o sistema automotivo do Nordeste, que permitiu a instalação da montadora Chrysler no Estado, primeiro item da pauta do governador nesta transição. O anúncio será feito hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Salgueiro, no sertão do Estado. Na quinta-feira, a presidente eleita telefonou para Ciro e fez o convite para o deputado cearense retornar à Esplanada. E Ciro aceitou.

Na madrugada de quinta-feira para sexta-feira, Eduardo Campos ligou para alguns dirigentes partidários, pedindo que eles estivessem em Brasília na sexta-feira, para que o partido resolvesse suas pendências antes de reunião com a presidente eleita. Durante o encontro, Cid Gomes comunicou que Ciro conversara com Dilma e que estava disposto a mudar de opinião. Segundo um participante da reunião, teria pesado na decisão os conselhos do irmão mais velho dos Gomes, Luiz Antônio.

Após o impacto geral, inclusive de Campos, foi escolhido um pequeno grupo - composto por Cid Gomes, Eduardo Campos e pelo vice-presidente, Roberto Amaral - para conversar com Dilma. Durante reunião na Granja do Torto, foi feito um novo contato telefônico com Ciro, no qual ele ratificou a disposição de tornar-se ministro de Dilma.

Fonte: Valor Econômico/Paulo de Tarso Lyra | De Brasília


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