Exportadores de cargas frigorificadas precisam superar barreiras econômicas e falta de estrutura para não perder mercado no exterior
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Os exportadores brasileiros de cargas refrigeradas tentam se recuperar da crise econômica que afetou principalmente o mercado europeu nos últimos anos. Num ambiente extremamente competitivo e cercado de regras, entregar produtos de qualidade, superando altos custos com transporte e tarifas, é um desafio para os produtores nacionais, que já enxergam, pelo retrovisor, novos países se destacando no comércio exterior. Apesar de o Brasil ser um grande exportador de cargas frigorificadas, como carnes e frutas, os produtores enfrentam dificuldades em toda a cadeia logística para comercializar produtos de forma competitiva.
Na avaliação da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), existe um movimento de evolução no setor portuário, visando tornar a movimentação de cargas frigorificadas mais eficientes. Entretanto, a entidade alerta que a infraestrutura, de uma forma geral, ainda é muito deficiente e gera um custo elevado aos exportadores. O transporte de carne bovina entre as indústrias e os portos, por exemplo, é realizado basicamente pelo modal rodoviário, encarecendo o custo final da carga.
— As empresas exportadoras seguem em busca de eficiência logística para amenizar os impactos do custo Brasil, principalmente os que tocam a falta de infraestrutura — analisa o presidente da Abiec, Antonio Jorge Camardelli. A associação estima um fluxo anual de 50 mil contêineres para exportação de carne bovina. Segundo a Abiec, a principal origem destas cargas é o Centro-oeste do país, apesar da existência de indústrias frigoríficas fortes também nas regiões Sul, Sudeste e Norte.
O diretor presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes, aponta as tarifas alfandegárias e as barreiras fitossanitárias como os grandes problemas do comércio de frutas. Segundo Saraiva, tarifas altas dificultam o embarque de produtos brasileiros para países como Índia e Coreia do Sul. Já países como China e Japão exigem que os exportadores comprovem que as frutas estão livres de doenças e pragas.
Saraiva diz que os produtores nacionais de frutas estão retomando as vendas, após o período de retração de mercado e pressão sobre os preços. Ele estima que as exportações de frutas aumentem entre 5% e 10% em 2013. Com exceção da banana, quase todas as frutas são exportadas por contêineres frigoríficos.
Atualmente, a manga e o melão são as principais frutas brasileiras exportadas, segundo o Ibraf. “As exportações de frutas sofreram com a crise e continuam sofrendo porque a maioria das frutas frescas é exportada para a União Europeia. Agora estamos ganhando terreno novamente. Em 2012, voltamos a exportar razoavelmente bem”, observa Saraiva.
A vice-presidente sul da Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada (Abiaf), Linda Machado, diz ser bom que os mercados que compram carga frigorificada do Brasil sejam extremamente exigentes. Mesmo com alguns embargos como o que ocorreu com as carnes brasileiras na Rússia, ela observa que os produtos brasileiros são bem vistos no exterior. A carne, por exemplo, é fiscalizada desde o criadouro até o local onde o animal é abatido e onde a carne é armazenada. “Quanto mais exigentes são os mercados, melhor a qualidade do nosso produto”, analisa Linda.
Carnes bovinas, aves e suínos são as principais cargas frigorificadas exportadas pelo Brasil. A distribuição dessas cargas, provenientes principalmente do Sul e Sudeste, é feita por veículos especiais com equipamentos para controle de temperatura que conseguem manter os produtos até -25°C. Desde a origem, até o ponto de entrega, existe a fiscalização realizada pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Em abril de 2013, as exportações de frango tiveram 9,8% de alta em relação ao mesmo período de 2012 e totalizaram US$ 678 milhões, de acordo com Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). As vendas de carne bovina para o exterior em abril somaram US$ 437 milhões, o que representa alta de 15,7% sobre o mesmo mês de 2012.
De janeiro a abril de 2013, a quantidade de exportações de carne bovina cresceu 36,5% em relação ao mesmo período de 2012, enquanto as vendas de frango para o exterior caíram 3,7%, segundo o MDIC. De acordo com a Abiec, o Brasil produz 9,4 milhões de toneladas de carne bovina, sendo que 16,5% são negociados para dezenas de países em todo o mundo. Na última década, o país registrou crescimento de 400% no valor de suas exportações de carne e atingiu o recorde de US$ 5,7 bilhões em faturamento.
Além dos problemas e custos com o transporte predominantemente rodoviário, a falta de câmaras frigoríficas, sobretudo no Norte e Nordeste, ainda é obstáculo para a exportação de produtos nacionais de forma competitiva. Saraiva, do Ibraf, aponta que essa indisponibilidade de câmaras afeta a concorrência do mercado nacional perante outros países exportadores. Ele conta que, apesar de o Brasil ainda ser o principal exportador de frutas do Mercosul, existe preocupação da ascensão de países como o Chile no comércio exterior.
Na avaliação da Abiaf, a quantidade de câmaras frigoríficas disponíveis no Brasil é suficiente para a demanda atual. Entretanto, Linda ressalta a deficiência das câmaras frigoríficas e instalações precárias nas regiões Norte e Nordeste. Já as regiões Sul e Sudeste se destacam na oferta dessas instalações. O estado que possui mais espaço disponível é Santa Catarina, onde se concentra boa parte dessas câmaras.
O complexo de Itajaí, que engloba o porto de Itajaí e o terminal de Navegantes (Portonave), é um polo de movimentação de cargas frigorificadas de grandes produtores catarinenses. A BRF, por exemplo, movimentou 84% de suas cargas (cortes de frango e suínos congelados) pelo complexo em 2012. No mesmo período, a Marfrig movimentou 73% dos seus produtos pelo complexo e a Aurora confiou 94% das suas cargas ao porto de Itajaí e à Portonave.
Linda percebe que, devido à oferta de câmaras no Sul, os produtores que antes exportavam apenas por Itajaí hoje utilizam outros portos como Rio Grande, Paranaguá e Santos. O número de câmaras frigoríficas no Brasil vem crescendo nos últimos anos. Dados da Abiaf de 2012 apontam 7.019.577,90 metros cúbicos de câmaras frigoríficas, entre empresas públicas e privadas. Esse volume era de 5,711 milhões de metros cúbicos em 2010, e de 4,315 milhões de metros cúbicos em 2006.
A quantidade de câmaras frigoríficas no Brasil é inferior à da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. A maioria de câmaras é administrada pela iniciativa privada. Do total de câmaras brasileiras, cerca de 90% pertencem à iniciativa privada e o restante a empresas governamentais. A Abiaf lamenta os poucos dados divulgados pelas empresas sobre as câmaras.
A Portonave controla integralmente a Iceport, que oferece soluções em logística para importações e exportações de frigorificados. Anexa ao terminal portuário, a Iceport possui uma câmara frigorífica de 50 mil metros quadrados automatizada, com capacidade estática de 16 mil posições pallets, o que representa movimentação de entrada e saída de até 320 pallets/hora. “O envio das cargas ao terminal é feito em um tempo menor. Além disso, a câmara frigorífica da Iceport oferece serviço de depot, manuseio e armazenagem de cargas frigorificadas”, explica Souza.
A empresa enxerga como promissor o futuro da movimentação de cargas frigorificadas no Brasil. O analista comercial da Portonave, João Souza, observa que as indústrias têm metas ambiciosas para os próximos anos. A principal carga refrigerada movimentada na Portonave são as carnes congeladas, com destaque para os cortes de frango, que representaram 39% do total de mercadorias exportadas pelo terminal em 2012.
Nos quatro primeiros meses de 2013, em relação ao mesmo período de 2012, foram movimentados 23% a mais contêineres reefers no terminal. Se comparado com janeiro a abril de 2011, a movimentação cresceu 42%. Somando as importações e exportações, a movimentação da carga frigorificada na Portonave passou de 19.056 TEUs, nos quatro primeiros meses de 2011, para 25.205 TEUs em igual período de 2012. No primeiro quadrimestre de 2013, foram movimentados 32.725 TEUs desse tipo de carga no terminal.
A vice-presidente sul da Abiaf avalia que os portos brasileiros estão bem equipados para movimentação desse tipo de carga, inclusive com fortes investimentos e infraestrutura. Linda acredita que a quantidade de terminais está acompanhando o aumento da movimentação de cargas frigorificadas.
Ela observa que as retroáreas dos portos não enfrentam problemas no armazenamento de cargas refrigeradas. “Há muito armazém com sua capacidade abaixo do esperado. Portanto, existe estrutura suficiente para atender ao exportador. Até porque todo exportador, a cada ano, aumenta a sua área de armazenagem e capacidade junto as suas fábricas”, comenta Linda.
As cargas frigorificadas são objeto de disputa na região Sul. Os portos gaúchos e paranaenses tentam transportar parte do volume de cargas que atualmente vão para os portos catarinenses. No final de 2012, o deputado federal Pedro Uczai (PT) e o deputado estadual Sílvio Dreveck (PP) admitiram que uma possível ligação ferroviária entre o oeste de Santa Catarina e o porto de São Francisco do Sul pode levar as cargas de frango frigorificado, que hoje têm como principal destino o porto de Itajaí, para o porto de Rio Grande (RS). A implantação da linha férrea Oeste-Leste ligaria o oeste catarinense ao porto de Rio Grande, um dos concorrentes de Itajaí na movimentação de cargas frigorificadas.
O Paraná é um dos maiores produtores de frango do país, porém 30% dessa carga sai pelos portos catarinenses. O diretor empresarial da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Lourenço Fregonese, atribui o “desvio” ao fato de Santa Catarina realizar escalas específicas que ainda não passam pelo porto de Paranaguá. A expectativa da Appa é que essas linhas vão para Paranaguá após a ampliação do terminal de contêineres.
O TCP ganhará o terceiro berço e o governo paranaense já autorizou o projeto básico para a construção de um quarto berço. Essa obra ocorrerá após a implantação do píer em formato de “T” no corredor de exportação (granéis sólidos) no porto. “A Appa tem trabalhado para melhorar sua estrutura — ampliação do terminal de contêineres, dragagem de aprofundamento para receber navios maiores —, aumentando a competitividade dos portos paranaenses”, destaca Fregonese.
De acordo com o MDIC, Paranaguá é o terceiro porto brasileiro em movimentação de congelados, depois dos portos de Itajaí e Santos. No primeiro trimestre de 2013, Paranaguá exportou 264.707.751 toneladas, o que gerou uma receita de US$ 568.713.760. Esse tipo de carga representa pouco mais de 16% das exportações do porto paranaense.
— As cargas refrigeradas são um mercado desafiante, que exige análises constantes. A oferta mundial só tem aumentado, competindo com a oferta brasileira, e existem, na própria América do Sul, outros países, como o Chile, que vêm mantendo a fidelização dos mercados — avalia Fregonese. Ele acrescenta que o Brasil é o mais forte na região na movimentação desse tipo de carga.
Souza, da Iceport, acredita que o maior desafio para os terminais de contêineres seja a constante adequação da área para recebimento de novas cargas, que têm exigências específicas como as tomadas reefers. Ele avalia que atualmente os terminais portuários estão conseguindo atender à movimentação de cargas refrigeradas, mas alerta que a demanda é crescente. O analista comercial da Portonave diz que o atendimento a essa tendência dependerá dos investimentos dos terminais.
O TCP conta com três subestações de energia que operam na tensão de 13,8 KVA para suportar as tomadas reefers. Atualmente, o Tecon paranaense possui 2.812 tomadas para contêineres reefer, com projeto de aumentar esse número para quatro mil. O TCP possui câmara de reinspeção para produtos frigoríficos.
A Cearáportos prevê investimentos da ordem de R$ 4 milhões para implantação de 260 tomadas frigoríficas. Com essa implantação o parque de tomadas em Pecém contará com 1.272 tomadas, sendo 1.152 fixas e 120 móveis. A carga refrigerada representou 24% de toda a movimentação de contêineres no porto de Pecém em 2012. Nesse período, o porto cearense movimentou 247.638 toneladas de carga refrigerada.
Para 2013, a Cearáportos projeta crescimento de 5% em Pecém. As principais cargas refrigeradas movimentadas no porto são frutas e carnes. “No caso específico do Pecém, o maior desafio é atender a sazonalidade das frutas, que se concentra nos meses de agosto a dezembro”, afirma Waldir Frota Sampaio, diretor de infraestrutura e desenvolvimento operacional da Cearáportos.
Frutas tropicais, como manga e melão, normalmente são exportadas pelos portos do Nordeste, como Pecém (CE), Suape (PE), Salvador (BA) e Rio Grande do Norte. Frutas cultivadas em climas temperados, como maçã e uva, deixam o país pelos portos de Paranaguá (PR), Rio Grande (RS) e São Francisco do Sul (SC). De acordo com o Ibraf, Santos possui mais diversificação de frutas, além de exportar um grande volume de sucos de laranja congelados. Frutas mais perecíveis, como mamão, figo e goiaba, são transportadas por via aérea.
As exportações de melões atingiram 181,8 mil toneladas em 2012, um incremento de 7,19% sobre 2011, segundo o Ibraf. A exportação de mangas permaneceu estável em 2012, com total de 127 mil toneladas, ante 126,4 mil toneladas no ano anterior. Em volume, os principais exportadores de frutas frescas em 2012 foram: Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, São Paulo e Pernambuco.
Desde 2011, o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) instalou um escritório em Roterdã, na Holanda. A unidade apoia os exportadores de uva do Vale do São Francisco que levam seu produto para o continente europeu. Saraiva conta que o Ibraf e seus associados discutem alternativas para ampliar as rotas das frutas brasileiras pelo mundo. Portos como Barcelona, Hamburgo, Dubai e Xangai estão no planejamento brasileiro para ampliar seus mercados compradores.
No Brasil, novas tecnologias estão sendo utilizadas para o transporte de cargas frigorificadas. Recentemente, a Abiec lançou um sistema de lacre eletrônico de contêineres capaz de reduzir o tempo gasto com a liberação dos contêineres no porto. De acordo com a Abiec, foi comprovada economia média de 58 horas no tempo de liberação dos contêineres para embarque. Chamado de ‘Canal Azul’, a iniciativa é resultado de uma parceria entre Abiec, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instituto de Tecnologia de Software e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Projeções apontam que, apenas com a carne bovina, as indústrias deixem de gastar R$ 15 milhões por ano com a energia elétrica usada na refrigeração de contêineres. “O mercado brasileiro de exportação de carne tem ganho espaço internacional ano após ano. Há cerca de 10 anos, a carne brasileira não aparecia na pauta dos assuntos discutidos em fóruns internacionais e em menos de uma década o Brasil ampliou em 10 vezes o valor de suas exportações. Para continuarmos crescendo, é imprescindível desenvolvermos formas mais eficientes de exportar”, afirma Camardelli, da Abiec.
— Hoje o mercado já trabalha com caminhões equipados com rastreadores de temperaturas que informa a variação das temperaturas, para que se possa atuar na contingência e visando sempre que o consumidor tenha um produto de qualidade — conta Linda Machado, da Abiaf. Ela acredita que o atendimento dos órgãos anuentes 24 horas nos portos minimizará bastante as deficiências portuárias, melhorando o trato dos exportadores e importadores junto aos órgãos federais e estaduais.
Nos últimos anos, a mudança dos hábitos alimentares dos brasileiros e a maior exigência de qualidade por parte dos consumidores aumentaram a necessidade de utilização da refrigeração. Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aponta que as perdas de cargas refrigeradas no país chegam, em alguns casos, a mais de 40% do total produzido. Nesse sentido, o maior uso da refrigeração poderia reduzir estas perdas, de acordo com a publicação.
A fiscalização sanitária, realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento atende às normativas nacionais e as exigidas pelo país importador, depois de acordos sanitários. Essa fiscalização é realizada tanto na indústria produtora quanto no porto de exportação. A Abiec garante que, desta forma, a indústria de carnes consegue atender aos requisitos de qualquer mercado importador. No caso das carnes, o controle da higiene ficou maior a partir de 2006, em razão da gripe aviária e da febre aftosa.
A fiscalização de cargas frigorificadas é controlada desde a criação através de um processo rígido de rastreabilidade dos produtos. Em alguns casos, pode ser acompanhada por termógrafos — equipamentos instalados junto à carga e que registram possíveis oscilações de temperatura, podendo atestar a qualidade de frio durante o transporte. As normas são estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e fiscalizadas por seus veterinários na saída dos produtos. As punições vão de suspensão até exclusão do SIF e licenças no caso de exportação.
A manutenção da temperatura adequada ao longo de toda a cadeia de abastecimento é regulamentada pela NBR 14701/2002. A norma estabelece regras para o transporte de produtos alimentícios refrigerados com procedimentos e critérios de temperatura, desde os armazéns frigorificados do produtor até a entrega ao varejo. A norma abrange, dentre outros pontos, embalagem, movimentação, preparação de docas e uso de registradores de temperatura nos estoques e nos transportes.
A indústria de armazenagem frigorificada vem registrando significativas mudanças devido ao crescimento da demanda por produtos congelados e resfriados e às gradativas mudanças dos conceitos na prestação de serviços. O estudo “Operadores Logísticos Frigorificados”, da UFSC, revela a existência de empresas do setor deixando de ser apenas simples armazéns e se transformando em operadores logísticos capacitados para prestar serviços de alto valor agregado a seus clientes.
A carga refeer corresponde a 37% do volume da movimentação de contêineres da Brado Logística por ferrovias. O presidente da empresa, José Luís Demeterco, explica que esse percentual era de 65% no início da operação da Brado, em 2011, mas diminuiu porque a companhia diversificou seus clientes e tipos de cargas nos diversos corredores que atuam. Ele destaca o crescimento de carga a granel em contêineres, principalmente soja e milho.
Apesar das novas tendências, Demeterco ressalta que a carga frigorificada continua sendo importante e estratégica. Ele lembra que as exportações de carne bovina e suína sofreram queda, dentre outras razões, pela instabilidade do mercado russo, um dos principais importadores das carnes brasileiras. Em contrapartida, destaca que as exportações de frango foram menos afetadas.
A Brado é uma das principais empresas em capacidade estática frigorificada do país, com 120 mil posições de pallets somente para carga frigorificada. Essa capacidade aumenta 10% ao ano para atender à demanda para exportação e mercado interno, que vem sendo o foco de alguns produtores, devido às quedas nas encomendas de carnes para o exterior.
Demeterco lembra que a carga frigorificada possui alto valor agregado e exige especialização da mão de obra por conta dos cuidados no manuseio dos produtos. Ele defende maior operação dessa carga por ferrovias, já que esse modal representa apenas 3% da movimentação contêineres que o Brasil faz no Sul e Sudeste do país. Ele acrescenta que a quantidade de tomadas para carga reefers está adequada à necessidade atual.
O presidente da Brado acredita que existem soluções de armazenamento da carga frigorificada no interior, desafogando os gargalos dos portos instalados nas grandes cidades. Segundo Demeterco, essa medida descentralizadora tiraria boa parte da pressão dos portos. “Vemos muita carga que chega ao Brasil que não precisaria ser estufada nos próprios portos. Vendemos soluções para que essas cargas sejam estufadas no interior”, pondera Demeterco.
O TCP possui perspectiva de crescimento na movimentação de carga refrigerada pelo terminal em 2013. A expectativa baseia-se no aumento de volume da carga que chega por ferrovia e na possibilidade de atração de novos clientes da região Sul/Sudeste e cargas de países vizinhos. Para o diretor Superintendente do TCP, Juarez Moraes e Silva, o nível de serviço, os custos competitivos e a qualidade no monitoramento da carga são fundamentais na operação desse tipo de carga.
O Tecon paranaense conclui até o fim de 2013 um pacote de R$ 300 milhões de investimentos para aumentar a produtividade e expandir sua estrutura. O terminal ganhará mais 315 metros de cais acostável, totalizando 879 metros lineares. Silva destaca que poucos terminais no país possuem integração com modal ferroviário. “Estamos tomando o ramal ferroviário que já opera 24 horas e estamos construindo mais câmaras frigoríficas para vistoria das autoridades competentes”, destaca Silva;
Ele destaca o fato de o Brasil possuir expertise nos segmentos de avicultura e de carga bovina e suína, o que permite o crescimento desses setores nos próximos anos. “O que deve motivar o crescimento é a retomada nas vendas para os países que sofreram ou ainda sofrem com os efeitos das últimas crises econômicas e, principalmente, a retomada da Rússia e a entrada mais forte da China, ambos em relação à habilitação das carnes brasileiras em seus mercados”, avalia Silva.
Um bom termômetro sobre a movimentação de carga refrigerada no Sul é a Martini Meat, que realiza armazenagem de carga avulsa refrigerada e também faz estufagem de contêineres refrigerados em Rio Grande. A empresa iniciou suas operações em 2012 já com 95% de suas instalações ocupadas. Segundo o Tecon, já existe projeto para duplicação da planta em Rio Grande. Em 2012, o Tecon Rio Grande movimentou 710 mil toneladas de cargas frigorificadas. Os principais produtos foram: frango, carnes suínas, bovinas e peixes congelados, ovos, sucos e maçãs.