O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse nesta quarta-feira que a companhia está no limite do investimento na área de logística e que, por isso, não tem interesse em novos trechos de ferrovias, embora afirme que esteja "olhando com carinho" o pacote de concessões anunciado nesta terça-feira pelo governo federal.
"Nós temos uma limitação grande agora de investir em logística. Isso porque nós atingimos o limite no processo de competição", afirmou Ferreira minutos antes de participar de um evento sobre os BRICs (sigla do grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), organizado pela Fundação Getulio Vargas, no Rio.
Indagado se teria interesse algum trecho, disse que simplesmete que "não". Após o encontro, o executivo explicou que a Vale já tem uma participação extensa no sistema ferroviário por meio de sua subsidiária VLI.
"Nós temos uma participação relevante no sistema por meio da VLI. Tamos olhando com muito carinho, respeitamos as regras de competição", disse Ferreira.
A Vale tem concessão e opera duas ferrovias que são fundamentais para escoar seu principal produto, o minério de ferro. São elas a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que ligas as minas de Carajás, no Pará, ao terminal marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, e a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), que conecta as operações da companhia em Minas Gerais ao Porto de Tubarão, no Espírito Santo.
A empresa está duplicando a EFC para elevar sua capacidade de transporte de 130 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para 150 milhões de minério de ferro anuais, o que vai viabilizar a expansão do sistema sul de Carajás, projeto chamado S11D. O projeto é avaliado em cerca de US$ 17 bilhões, dos quais US$ 10 bilhões serão destinados à logística, incluindo a duplicação da ferrovia e a construção de mais um píer em Ponta da Madeira.
Esse é o maior e mais caro projeto da história da companhia. Por isso, num cenário de forte demanda por investimento combinada com preços do minério de ferro em baixa - o que impacta negativamente suas receitas - a Vale adotou a estratégia de focar recursos nos principais projetos e vender ativos de áreas não prioritárias.
Dentro desse contexto, a Vale concluiu, no ano passado, a venda de participações na VLI, empresa de logística integrada que atua tanto em ferrovias como em portos. A mineradora manteve 37,6% da VLI, que assumiu concessões antigas da Vale, como a Ferrovia Centro-Atlântica (que passa por sete estados brasileiros, incluindo o Rio) e o trecho de Açailândia (MA) a Porto Nacional (TO) da Ferrovia Norte Sul.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)
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