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Rio Grande do Sul quer ser porta de entrada para chilenos

Um mercado aberto e com potencial para receber investimentos foi a imagem que a missão gaúcha de empresários e políticos que está no Chile passou para empreendedores desse país. Em reunião realizada ontem na Sociedad de Fomento Fabril (Sofofa), em Santiago, o governador Eduardo Leite (PSDB) destacou oportunidades de investimentos no Estado, como nas áreas de infraestrutura e logística, e o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, acrescentou que é importante manter contatos para se criar uma relação de maior proximidade e confiança.

No encontro, em espanhol, o governador frisou que a melhor porta de entrada no Brasil para o Chile é o Rio Grande do Sul, ressaltando a boa condição geográfica dos gaúchos. Leite defende que as missões internacionais servem para demonstrar ao mundo que o Brasil vai além de Rio de Janeiro e São Paulo. No vídeo de apresentação do Estado, um dos destaques foram as estatais que serão privatizadas (CEEE, Sulgás e CRM). Leite espera que a autorização para a venda dessas companhias seja votada na Assembleia Legislativa até julho.


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Em material impresso de divulgação apresentado sobre o Estado, o governo gaúcho apresentou como oportunidades de concessões no modal rodoviário as estradas RS-239, RS-235, RS-122, RS-240 e RS-115. O governador salienta que investimentos feitos em hidrovias e rodovias diminuirão o custo logístico do Estado e recorda o potencial hidroviário e do porto do Rio Grande, com um dos maiores calados da região.

Nesse sentido, o superintendente do porto do Rio Grande, Fernando Estima, ressalta que o foco do porto gaúcho é atrair mais cargas e investidores. Leite e Estima tiveram, ontem à tarde, reunião com a empresa Ultramar, grupo que conta com mais de 20 terminais na América Latina e que está analisando oportunidades no porto do Rio Grande.

O superintendente informou que a dragagem do porto de Rio Grande está em andamento e que isso aumentará a competitividade do Estado. Conforme o dirigente, mais de 80% do serviço já foi realizado, e, em mais 45 a 60 dias, o trabalho deve ser concluído, restando apenas a homologação da nova profundidade, o que deve levar mais três a quatro meses. Com a iniciativa, o calado do porto do Rio Grande passará de 12,8 metros para 14,5 metros. Com o calado certificado, haverá mais segurança nas manobras dos navios, diminuindo os custos com seguros.

O presidente da Fiergs reforça que o objetivo da visita ao Chile é abrir novos laços de cooperação. Petry frisa que o Chile é o sexto destino das exportações do Rio Grande do Sul, significando negócios na ordem de US$ 490 milhões no ano passado. Em contrapartida, é o 17º quanto às importações gaúchas, movimentando em torno de

US$ 144 milhões em 2018. O executivo destaca que o Rio Grande do Sul almeja vender para o Chile basicamente produtos manufaturados e soja. Petry convidou os integrantes da Sofofa para realizarem uma missão empresarial no próximo ano ao Rio Grande do Sul.

Quanto à relação entre nações, a vice-presidente da Sofofa, Janet Awad, enfatiza que o Brasil é o primeiro parceiro comercial do Chile na região e o quinto em âmbito mundial. O intercâmbio comercial entre Brasil e Chile, no ano passado, foi de US$ 10,1 bilhões. Ela argumenta que, apesar da guerra comercial entre China e Estados Unidos impactarem as relações comerciais hoje do planeta, a economia mundial está se multiplicando e intensificando. No caso particular do Rio Grande do Sul e do Chile, a dirigente reforça que se tratam de economias complementares.

Governo gaúcho discutirá a substituição tributária no setor do vinho

Questionado se a proposta de integração entre Chile e Rio Grande do Sul não pode causar conflitos em áreas em que os dois possuem interesses comerciais concorrentes, como é o caso do vinho, o governador Eduardo Leite defende que, para se ter integração e cooperação econômica, é preciso se abrir para o que outros países estão propostos a oferecer. Mesmo assim, Leite revela que terá uma reunião nos próximos dias com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), na qual serão debatidas demandas do segmento. Segundo o governador, deverão ser encaminhadas soluções quanto à substituição tributária para a vitivinicultura gaúcha.

"A queixa do setor vitivinícola é que a substituição tributária impõe pagar na frente o que depois o varejo poderia recolher na ponta", detalha o governador. Essa situação gera um descompasso na entrada e saída de recursos. Na ocasião do encontro com o Ibravin, Leite vê a oportunidade para serem discutidas outras estratégias para ajudar a competitividade do segmento.

Outro debate do governo está na área da aviação. Leite diz que ainda está discutindo com a Azul, a Gol e a Two Flex (empresa de táxi aéreo que fará parceria com a Gol para atuar no Rio Grande do Sul) a possibilidade da alteração do decreto existente que determina incentivos para a aviação regional. "O que nós queremos é o maior número de voos para o Interior, com a maior capacidade possível", enfatiza o governador. A Gol e a Two flex oferecem oportunidades de voos com aeronaves de menor porte, e Leite quer evitar que ocorra um desequilíbrio neste mercado. "Naturalmente, não queremos, para viabilizar um tipo de voo, perder os outros que temos com a própria Azul, com aviões de maior porte, talvez isso exija, e isso estamos estudando, uma alteração que permita uma ferramenta de incentivos que seja na proporção dos assentos disponibilizados", explica.

Na tarde dessa terça-feira, Leite também teve encontro com diretores da indústria chilena de celulose CMPC. O governador salienta que o grupo tem um plano de investimento mundial e conta que a empresa está "animada" para novos investimentos no Rio Grande do Sul". Leite lembra que a CMPC, que possui planta em Guaíba, já investiu cerca de R$ 5 bilhões no Estado. O governador volta nesta quarta-feira para o Brasil, enquanto a missão liderada pela Fiergs permanece no Chile até sexta-feira mantendo rodadas de negócios e visitas a empresas locais.

Um empresário gaúcho participante da missão é o diretor-geral da Tecpon, Newton Battastini. Ele detalha que a companhia, ligada ao segmento químico e com sede em Cachoeirinha, já exporta para o Chile atendendo a demandas de frigoríficos. Agora, o empresário busca negócios no segmento hospitalar, para sanitização. O executivo considera que o comércio entre chilenos e gaúchos apresenta potencial, pois há muitas similaridades entre as duas regiões. "Eu estou trabalhando no Chile há 12 anos e é um mercado promissor, bom de trabalhar, são honestos e claros", reforça Battastini.

O empresário, que é presidente do Sindicato das Indústrias Químicas no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiquim), também fez um comentário sobre a notícia que a companhia LyondellBasell desistiu da compra da Braskem. Para o dirigente, a informação gera a apreensão de que possa significar a estagnação de investimentos no polo petroquímico de Triunfo.

Fonte: JC






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