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Rumo ALL busca aumento de capital e extensão de prazos

A concessionária de ferrovias Rumo ALL, fruto de uma fusão de ativos em maio de 2014 que só foi concretizada em março passado, encerra este ano na expectativa de obter duas importantes decisões: a aprovação por seus acionistas de um aumento de capital de R$ 650 milhões e a extensão dos prazos dos contratos de concessão de três de suas quatro malhas ferroviárias por mais 30 anos.

A capitalização é uma proposta levada para o conselho da empresa como uma alternativa de criar liquidez e fôlego financeiro de curto prazo. Com a situação complicada do Brasil, com operação Lava-Jato e crise política, o crédito sumiu da praça. Os bancos privados restringiram financiamentos.


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Com nova gestão desde abril, formada por executivos indicados pelo acionista principal, o grupo Cosan, a empresa já obteve melhora no seu desempenho operacional e caminha para fechar este ano com bom crescimento no volume transportado e aumento de receita. Grande parte disso é puxado por cargas de grãos, que terá uma safra recorde, uma vez que a área industrial - peso de 19% no total - sofre com a crise econômica.

Até o terceiro trimestre o volume transportado cresceu 3% no total (7,7% em produtos agrícolas) e a receita da companhia subiu 9,2%, para R$ 3,55 bilhões (22,2% no terceiro trimestre), conforme o último demonstrativo financeiro. Na última linha do balanço, no entanto, o resultado é ainda negativo: prejuízo de R$ 237,5 milhões (nove meses). Previsão de vários analistas que acompanham a empresa é que a Rumo ALL não irá reportar lucro antes de 2018 ou 2019.

No plano emergencial, a concessionária tem um plano de investimento, desde abril de 2015 ao fim de 2016, da ordem de R$ 2,8 bilhões. Conforme a nova gestão apresentou a investidores, é a cifra necessária para colocar a companhia em condições de operar. Com previsão de aplicar R$ 1,9 bilhão até o fim deste ano, já fez as primeiras intervenções na empresa. A ALL era vinha com fluxo de caixa negativo há vários anos.


Estimou-se, durante a conclusão do negócio, ao menos um período de cinco anos à frente para pôr a ferrovia nos eixos, renovar a frota de vagões e locomotivas, modernizar a malha de transporte, ganhar eficiência e atender satisfatoriamente a demanda de centenas de clientes. Foi encontrado baixo aporte em manutenção de linhas, bem como na renovação das frotas de locomotivas e vagões.

De 2017 em diante, há a previsão de uma nova fase de investimento, todavia na dependência da renovação de suas concessões, que vencem a partir de 2026. São previstos mais três anos de aportes de dinheiro na empresa que somam R$ 4,6 bilhões. A renovação está na fase final de avaliação por parte do governo federal e já recebeu o sinal verde da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Daí, após audiência pública gerida pela agência, vai para homologação do Ministério dos Transportes.

Procurada para detalhar o andamento da gestão, a empresa informou que está em "período de silêncio" devido à operação de aumento de capital anunciada em 2 de dezembro. Amanhã, reunião do conselho de administração da Rumo ALL vai avaliar a proposta da diretoria-executiva. A Cosan Logística, principal acionista, com 26% do capital, garantiu a subscrição, mediante condições, de R$ 250 milhões.

O dinheiro será utilizado para dar continuidade ao plano de investimentos de curto prazo - mais R$ 900 milhões (correntes e em expansão) estão previstos em 2016. Enquanto isso, a empresa estuda alternativas de financiamentos para sustentar o montante de investimentos até 2019 e equacionar sua alta alavacangem financeira.

A dívida líquida da concessionária no fim de setembro era de R$ 7,3 bilhões, representando 4,85 vezes seu Ebitda (lucro antes de juris, impostos, depreciação e amortização), em base anual. Os covenants da dívida foram negociados no fim de 2014 com a maioria de credores para o patamar de 5,5 vezes, exceto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujos índices vencem agora no fim de dezembro.

Além de linhas do BNDES, já pleiteadas, a Rumo ALL tem mantido contatos com vários potenciais investidores, entre eles o fundo FI-FGTS. Analistas estimam que a empresa precisa de um aporte de capital na faixa de R$ 1 bilhão para ganhar conforto financeiro. Cerca de metade da dívida bruta atual, de R$ 8,3 bilhões, é com o próprio BNDES, que é um dos integrantes do bloco de controle da companhia e que deve ser o grande financiador do plano total de investimento - R$ 7,4 bilhões.

Em quase nove meses, a nova gestão focou na adoção de novos processos de trabalho nas duas divisões operacionais da empresa - Malha Norte, que abrange o corredor Rondonópolis (MT) ao porto de Santos, e Malha Sul, que envolve as operações no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Para obter ganhos de desempenho operacional e redução de custos, já com resultados, a empresa comprou e já colocou em operação 40 locomotivas de última geração e quase 600 vagões. Ao mesmo tempo vem reformando grande parte da frota antiga.

Na bitola larga (Malha Norte), a previsão é chegar ao fim de 2017 sem máquinas antigas e com toda a frota de vagões modernizada. Nesse trajeto, onde passam mais de 60% da carga transportada pela ALL (a maior parte grãos oriundos do Centro-Oeste), as intervenções envolveram construção de novos pátios e duplicação da linha para os trens ganharem mais velocidade no trecho de Araraquara até Santa Fé do Sul. Estão previstos mais 66. As multinacionais, como Bunge, Dreyfus e Cargill, além de produtores de açúcar, são os grandes clientes da ferrovia nessa rota.

A operação do Sul está mais atrasada e tem muita coisa a ser feita. As frentes de ataque abrangem muito trabalho de recuperação da via permanente, recuperação de oficinas de manutenção, reformas de locomotivas e vagões, a maior parte muito antiga, entre outras ações, todas consideradas emergentes. O destravamento ao acesso ao porto de Paranaguá já foi solucionado.

Com tudo que foi diagnosticado e o que já está em curso, a avaliação é que em mais três anos a Rumo ALL será uma nova companhia, com outro nível de desempenho operacional e com uma maior rentabilidade dos seus negócios.

A extensão dos prazos da concessão é vista como crucial para o futuro da Rumo ALL. Bancos e investidores vão olhar a empresa com maior grau de confiança. A expectativa é que em alguns anos começe a gerar caixa. No momento, o foco é na otimização das operações, elevando o volume transportado e obtendo corte de custos. Pela natureza do negócio, ainda terá um período longo de alavancagem e investimentos elevados.

Num ano de crise na economia do país, a sorte da concessionária é que a atividade do agronegócios se mantém em alta, batendo recordes de safra. E a carga de grãos é a de maior rentabilidade da Rumo.

A fusão, após vários meses de negociações entre os acionistas da ferrovia (Wilson Delara, Ricardo e Julia Arduini, BNDES, Previ, Funcef e BRZ) e da Rumo (Cosan, Gávea e TPG), pôs fim a uma desavença judicial e teve na época valor estimado em R$ 11 bilhões. Com a aprovação em março deste ano pelos órgãos da concorrência e reguladores, a ALL, criada em 1997, começou uma nova história. A previsão é fechar este ano com receita líquida de R$ 4,9 bilhões.

Com uma rede de 12 mil km de trilhos, frota de mil locomotivas e mais de 20 mil vagões, além de quatro terminais no porto de Santos, colocar a "nova ALL" nos eixos é um desafio para os novos donos e para o governo, que foi uma espécie de fiador do negócio.

Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo






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