Produtora de pelotas de minério de ferro, uma joint venture entre a Vale e a australiana BHP, anunciou a construção de uma quarta pelotizadora no Espírito Santo e de um novo mineroduto ligando sua mina em Minas Gerais às unidades capixabas
A Samarco Mineração anunciou ontem que vai investir R$ 5,4 bilhões em um plano de expansão para elevar em 37% sua capacidade de produção de pelotas de minério de ferro, dos atuais 22,5 milhões de toneladas/ano para 30,5 milhões de toneladas/ano até 2014.
O projeto foi aprovado pelo conselho de administração da empresa, formado por representantes das controladoras Vale e BHP Billiton, e prevê a construção de um novo concentrador na mina de Germano, em Minas Gerais, e a implantação da quarta usina de pelotização e adequação do terminal portuário de Ubu, no Espírito Santo.
Batizado de Projeto Quarta Pelotização, o programa de investimentos prevê também a construção de um terceiro mineroduto, com cerca de 400 quilômetros, ligando as unidades industriais em Minas e no Espírito Santo.
De acordo com o presidente da empresa, José Tadeu de Moraes, o quarto ciclo de expansão da Samarco vinha sendo gestado há três anos, mas foi retardado em razão da crise internacional, que em 2008 e 2009 derrubou as vendas da mineradora para a faixa de 16 milhões a 17 milhões de toneladas. No ano passado, a comercialização fechou próximo da capacidade instalada - 21,5 milhões de toneladas de pelotas. "Nosso mercado já retornou aos patamares antes da crise", observou Moraes. "Estamos no limite da capacidade."
O mineroduto, que será construído em paralelo a outros dois já existentes, consumirá R$ 1,6 bilhão e poderá escoar até 20 milhões de toneladas/ano, elevando para 44 milhões de toneladas/ano essa capacidade. "Estamos instalando um mineroduto com capacidade ociosa e isso poderá, se o mercado permitir, um novo ciclo de expansão no futuro", disse Moraes.
O terceiro concentrador de minério de ferro que será construído em Ouro Preto (MG) demandará investimento da ordem de R$ 1,8 bilhão. Outros R$ 1,9 bilhão serão aplicados na construção da quarta usina de pelotização da mineradora, na cidade de Anchieta (ES).
O último ciclo de expansão da Samarco foi concluído em 2008, quando a mineradora ampliou em 54% sua capacidade de produção. No projeto atual, a empresa negociou com clientes a destinação de pelo menos metade da nova produção, destacou Moraes.
Exportações. A Samarco é a segunda maior exportadora de pelotas de minério de ferro do mundo, destinando sua produção para mercados da Ásia - China principalmente, com aproximadamente 24% do total -, África, Europa e Américas. A tonelada da pelota de minério de ferro - que aumenta o desempenho dos altos-fornos das siderúrgicas - gira atualmente em torno de US$ 200. No ano passado a mineradora alcançou receita líquida de US$ 3,5 bilhões e lucro líquido de US$ 1,2 bilhão.
A expectativa de Moraes é que, após concluído o programa de investimento, a receita acompanhe o crescimento da capacidade produtiva. Segundo ele, a empresa vai buscar linhas de financiamento internacionais para realizar os aportes.
O mineroduto será construído com matéria-prima importada. A alemã ThyssenKrupp venceu uma concorrência internacional para a compra dos dutos. Moraes, contudo, afirmou que o índice de nacionalização dos equipamentos e serviços contratados no projeto chegará a 85%.
Pelo cronograma, as obras serão iniciadas no próximo mês. A Samarco informou que possui todas as licenças de instalação necessárias para iniciar o empreendimento. A previsão é que durante o pico das obras sejam criados 13 mil postos de trabalho e 1,1 mil (600 empregados na unidade de Germano e 500 em Anchieta) após a conclusão do projeto.
PARA ENTENDER
A pelota de minério de ferro é um produto de valor agregado que aumenta o desempenho dos alto-fornos das siderúrgicas. No caso da Samarco, é produzida a partir de itabiritos, minérios com baixo teor de ferro (aproximadamente 43%) se comparados à hematita (cerca de 68% de teor). O minério é transformado em farelos e depois bombeado em forma de polpa pelo mineroduto até a usina de pelotização. Na usina, a água é retirada e a pelotização ocorre por meio de tratamento térmico. O pó é concentrado junto com materiais aglutinadores, que fornecem liga às partículas finas. No forno, as pelotas são queimadas até ganhar resistência, quando o minério passa a ter teor de ferro equivalente ao da hematita. A Samarco tem três tipos de pelotas: as para alto-forno, para redução direta, além dos produtos pellet feed e sinter feed.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Eduardo Kattah
PUBLICIDADE