A área do cais de atracação e da retroárea do Terminal de Múltiplo Uso do Porto do Pecém será construída sobre aterro hidráulico de 8,7 hectares e não mais sobre pilares de concreto
Conforme a Seinfra, no modelo anterior da obra do Tmut, a retroárea levaria até mais de dez meses para ficar pronta
Reprojetado para estar pronto em fevereiro de 2011, já com atraso de dois meses sobre o prazo anteriormente acordado, o Terminal de Múltiplo Uso (Tmut), do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), terá a metodologia de construção alterada, como forma de evitar novos adiamentos. A área do cais de atracação e da retroárea - destinada especificamente para recepção de cargas em contêineres - será construída sobre aterro hidráulico de 8,7 hectares e não mais sobre pilares de concreto, como anteriormente previsto no projeto original. O novo modelo de construção da retroárea irá elevar o valor da obra de R$ 125 milhões para R$ 183 milhões. Uma alteração de R$ 58 milhões, ou 46% superior, ao valor inicial previsto, para esta parte específica das obras de ampliação do Porto.
Na construção e viabilização do Tmut ou Píer 3 - que irá liberar o Píer 1 para cargas exclusivas à Siderúrgica de Pecém e à Termelétrica da MPX e EDP- serão aplicados agora, R$ 372 milhões, 18,71% a mais do que os R$ 313 milhões, contratados inicialmente. "Pelo contrato original, o incremento no valor do projeto seria de até 25% do valor total da obra", justificou o secretário estadual de Infraestrutura, Adail Fontenele, que na manhã de ontem, reuniu a imprensa para mostrar "in loco", as alterações que estão sendo feitas no Tmut.
Acompanhado do diretor de Desenvolvimento de Projetos e do presidente da CearáPortos, respectivamente, Luiz Hernani de Carvalho Júnior e Erasmo Pitombeira, o secretário explicou que a mudança na metodologia de construção do Tmut, vem sendo estudada desde julho do ano passado.
Fluxo intenso
Segundo ele, o incremento no fluxo de cargas no Porto nos últimos meses, em confluência com as caçambas carregadas de pedras para o prolongamento de 350 metros do quebra-mar, estaria atrapalhando o trânsito de mercadorias e comprometendo a estrutura da ponte de acesso aos terminais de cargas.
"Estamos com um fluxo de mais de 60 caminhões, por hora, de 1,5 caminhão por minuto", acrescentou Carvalho Júnior. "Nossa maior preocupação era o fluxo de veículos sobre a ponte, dado o incremento no fluxo de cargas e os novos contratos, já assinados. Se a obra (do Tmut) atrasar mais, pode gerar multas pesadíssimas", disse Fontenele. Conforme destacou, no modelo anterior a retroárea poderia levar até mais dez meses para ficar pronta. De acordo com Pitombeira, com a nova metodologia, as obras civis do cais de atracação e retroárea estarão prontas em março e o Tmut pronto para operar em até dois meses depois.
Juridicamente correto
Para Fontenele, o aditamento para alteração no valor da obra "está técnica e juridicamente correta" e como o contrato original já previa a possibilidade de aumento de até 25%, no valor total da obra de ampliação do Porto do Pecém, orçada anteriormente em R$ 312 milhões, não há nada que fira a lei Federal 8.666, também conhecida com lei das licitações.
Como ficam as obras
Conforme explicou, diretor de Desenvolvimento de Projetos da Ceará Portos, Luiz Hernani de Carvalho Júnior, o Tmut - cais e retroárea - terá 760 metros de comprimento, com dois berços acostados de 350 metros e 8,7 hectares quadrados. Pelo projeto anterior, datado de fins de 2003, a obra seria construída sobre 960 pilastras de cimento armado revestidas com camisas de ferro de 800 milímetros.
Agora, serão utilizadas 275 estacas de aço estruturado de 1,44 mil milímetros, ladeadas por placas de aço de contenção de 1,2 metro de largura, com 33 metros. Tudo será encravado a 18 metros de profundidade, ao longo dos 760 metros do terminal, formando uma cortina de proteção para recepção de 1,6 milhão de metros cúbicos de aterro hidráulico. A terra utilizada será dragada de área próxima do Pier 1 e da linha de praia. "Esta operação já estava prevista no Eia-Rima do Tmut", declarou, ao minimizar os riscos de impactos ambientais. Sem serventia à nova obra, as camisas de ferro serão aproveitadas para estrutura de uma adutora que irá interligar o trecho cinco do Eixão à Termelétrica e MPX e à Siderúrgica do Pecém.
DE JANEIRO A JULHO
Fluxo de cargas no Porto do Pecém continua com expansão média em torno de 20%, segundo a CearáPortos
Movimentação de cerca de três milhões de toneladas de cargas, entre importações e exportações, no Porto do Pecém, nos sete primeiros meses deste ano, gerou faturamento bruto de R$ 13,9 milhões, valor 18% superior aos R$ 11,8 milhões, gerados no período de janeiro a julho de 2009, quando o terminal movimentou 2,4 milhões de toneladas. Especificamente, em relação as movimentações realizadas em julho último, o faturamento foi de R$ 1,78 milhão, ou 19% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado.
Os valores constam no Demonstrativo de Faturamento da Ceará Portos, empresa que administra o terminal portuário, apresentado ontem, ao Diário do Nordeste, pelo presidente da CearáPortos, Erasmo Pitombeira. Segundo ele, o crescimento no faturamento foi "ancorado" nas importações de 280 mil toneladas de aço e equipamentos, realizadas em junho último, quando o Porto anotou incremento de 41% no faturamento (R$ 1,9 milhão), sobre o mesmo período de 2009 (R$ 1,35 milhão. "O primeiro semestre foi marcado pelas importações, já o segundo o será pelas exportações", sinalizou Pitombeira, ao apontar às vendas externas de frutas como o carro, ou seja, o "navio-chefe" do porto, nos próximos meses. A projeção de crescimento no fluxo de cargas e consequentemente, tende a permanecer em torno de 20%.
Nova carga de minério
Para 2011, as apostas de Pitombeiras apontam para crescimento expressivo nas importações de carvão mineral, para alimentar a termelétrica e na continuidade das exportações de minérios de ferro, produzidos no Interior cearense. "Em julho exportamos a primeira carga de minério, com 74 toneladas, e, em setembro próximo, faremos a segunda", informa o engenheiro. De acordo ainda com Pitombeira, há grandes perspectivas de aumento da movimentação de cargas no próximo ano, a partir da celebração de contratos de importação de clínquer e escória, insumos para fabricação de cimento. "Já estamos fechando novos contratos", destacou Pitombeira.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO
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