O desmonte dos galpões da Companhia Docas do Pará (CDP), ícones de uma era próspera da nossa capital em que a sociedade almejava padrões de vida europeu na Amazônia, por si só já garante tema para intensas mobilizações. Mas o projeto que pretende reestruturar a área portuária localizada no coração da cidade trouxe à tona outras pautas de discussão que estão sendo levantadas por diferentes movimentos sociais. Na manhã de ontem, um grupo liderado pelo titular da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Paulo Chaves, e o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB) foi às ruas se manifestar a favor da manutenção da integridade dos galpões.

A concentração começou por volta das 8h30, na avenida Visconde de Souza Franco – a Doca –, na esquina da avenida Marechal Hermes, em frente aos portões da CDP, e seguiu rumo à escadinha, na Estação das Docas. Os manifestantes, puxados ao som de um trio elétrico, gritavam palavras de ordem pedindo que o patrimônio histórico da cidade seja preservado.

“A discussão aqui se refere principalmente ao patrimônio histórico de Belém, mas pauta-se, também, na questão estrutural. A mobilidade urbana, por exemplo, se tornará deficiente neste trecho caso estas mudanças sejam realizadas. Imagina o que será triplicar a movimentação de carga e descarga diariamente aqui? Isso confronta a tendência mundial, que é retirar os portos dos grandes centros para evitar problemas”, explicou Zenaldo.

Segundo o parlamentar, o grupo vai entrar com uma ação judicial para tentar conter o projeto.

O secretario Paulo Chaves classificou como “forasteiros” os empresários que vêm de outros estados com projetos que preveem a mudança no cenário urbano da capital sem consulta popular. “O Pará é generoso com quem aqui se estabelece, recebe todo mundo de braços abertos. Depois esses forasteiros têm a coragem de estuprar a vida da sociedade querendo mudar radicalmente o modo como vivemos. Não podemos aceitar”, ratificou.

(Fonte: Diário do Pará)

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