DO RIO - Empregos, geração de renda, novos negócios de um lado. Risco de aumento da violência, favelização e poluição de outro. Moradores da pacata ilha da Madeira, em Itaguaí, a 70 quilômetros do Rio, se mostram divididos sobre o futuro que está sendo imposto à região.
Na ilha estão sendo erguidos empreendimentos de grande porte, como o Superporto Sudeste, do empresário Eike Batista, e o estaleiro da Marinha para a fabricação de submarinos nucleares. Ambos deverão estar operando em até três anos.
A Usiminas já acena com um novo projeto no terreno da antiga mineradora Ingá, e a Petrobras avalia montar ali uma base logística para operações na camada pré-sal.
Juntos, todos os investimentos devem ultrapassar R$ 5 bilhões.
Silêncio e tranquilidade foram substituídos pelo barulho de máquinas, explosões e poeira. O temor agora é que a violência chegue na esteira do progresso. "Deixávamos nossas casas abertas, mas já não fazemos isso mais. Tem muita gente estranha circulando aqui", diz o pescador Valter Marinho, 52.
O empreendimento de Eike, o de maior porte, está em execução. Apesar de pagar valores acima dos estimados para os imóveis, encontra resistência de moradores.
"As pessoas deveriam ficar. Ninguém é obrigado a sair. Estão pagando bem, mas não é o preço da minha liberdade, de viver no meu lugar", afirma o comerciante Marco Antônio da Silva Rocha, 46.
Batizada em homenagem à ilha homônima, em Portugal, a ilha da Madeira tem na pesca o motor de sua economia. Às margens da baía de Sepetiba, sua atividade pesqueira teve queda significativa nos últimos anos por conta da entrada de indústrias, como a CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico).
Presidente da Associação de pescadores da ilha da Madeira, Sérgio Hiroshi não é desfavorável à chegada de empresas na região, mas questiona se não seria prudente limitar seu número.
Fonte: Folha de São Paulo/CIRILO JUNIOR
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