Com 80% das obras físicas do cais de atracação e 70% da retro área concluídas e 20% das estruturas da fundação da nova estação de passageiros do Porto do Mucuripe prontas, com uma média de apronte de 56%, o empreendimento retorna à normalidade, após 20 dias de greve dos operários e quase dois meses de suel, ressaca do mar, que reduziu em 70% o ritmo das atividades. Iniciadas em março de 2012, as obras deverão ser concluídas em dezembro próximo, restando à Companhia Docas do Ceará (CDC), apenas seis meses para por a estação em operação.
O novo cais terá de comprimento 350 m, o suficiente para receber um transatlântico FOTO: KIKO SILVA
"A obra deve acabar em dezembro e só teremos seis meses para colocar em operação", sinalizou na tarde de ontem, o presidente da CDC, Paulo André Holanda, ao expor os detalhes do projeto para promotores públicos e parlamentares cearenses, integrantes do Comitê da Copa, da Assembleia Legislativa do Ceará. Segundo Holanda, a estação terá capacidade para receber até quatro mil passageiros, por turno, ou oito mil por dia.
Construído em parte da Praia Mansa, na enseada do Mucuripe, o novo cais terá 350 metros de cumprimento, extensão suficiente para receber apenas um grande transatlântico ou dois navios de médio porte. Como forma de viabilizar o projeto de R$ 149 milhões, - recursos da Secretaria Especial dos Portos (SEP), da Presidência da República,- o empreendimento irá contar também com uma retro área de 40 mil metros quadrados, para disposição e armazenamento de cargas e contêineres.
Porto no limite
Conforme explicou Holanda, a retro área será de grande utilidade, posto que viabilizará a atracação de novos navios conteineiros no pier de passageiros, durante a baixa estação turística, reforçando o fluxo de carga do Porto do Mucuripe, cuja capacidade está estrangulada. A alta estação de transatlânticos transcorre de outubro a março, o que deixará o novo terminal ocioso nos outros meses do ano.
Em 2012, informa Holanda, o porto de Fortaleza atingiu o seu limite de movimentação de cargas, com a atracação de 700 navios, 52, em média, por mês, e transporte de 4.500 toneladas. Ele revelou, ainda, que no ano passado, o Porto do Mucuripe recebeu apenas 26 embarcações de passageiros, um pouco mais da metade dos 49 transatlânticos que aportaram a costa cearense em 2009.
Diante das limitações atuais e de "preocupações" dos visitantes quanto as questões ambientais e à viabilidade econômica do novo terminal de passageiros, o executivo das Docas reconheceu que "temos (o Estado e o trade turístico) que fazer um trabalho de atração também de novos navios turísticos". Ele responsabilizou a crise no Leste europeu pela queda no fluxo de navios de passageiros em 2012.
Copa 2014
Para o período da Copa de 2014, apenas uma empresa de turismo teria confirmado, até agora, que utilizaria um transatlântico, com capacidade para 3.100 passageiros, como navio hotel. "Não temos a confirmação se virá um, dois ou três navios para operar como hoteis. Temos apenas indicativos", respondeu Holanda, ao ser questionado por um parlamentar cearense.
Numa tentativa de atrair novas operadoras de turismo para o terminal, Holanda disse que já tem assegurado R$ 29 milhões, para serem aplicados no projeto "Cadeia de Inteligência Logística". A proposta é dar nova dinâmica tecnológica ao porto, inclusive com a transferência dos caminhões que aguardam carga ou transbordo nas imediações, para uma área na CE-040.
"O dinheiro já temos, estamos aguardando apenas a cessão de um terreno por parte da Prefeitura de Fortaleza", cobrou Holanda. Ele disse ainda, que já tem esboçado um projeto de revitalização do entorno do porto para ser apresentado ao prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, com quem discute também a extensão da linha férrea do VLT até a Praia Mansa.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO
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