Com ativos em setores tão diversos como concessões rodoviárias, terminal marítimo e usina hidrelétrica, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) vai fazer pela primeira vez caixa com produção de energia - ainda que sem querer. À venda desde o início do ano, sua usina hidrelétrica de Salto, em Goiás, abriu as turbinas oficialmente na sexta-feira, e se tudo correr bem, deve começar a fornecer regularmente sua produção para a Votorantim - o que lhe deve render R$ 80 milhões de receita ao mês.
Segundo a diretora de relações com investidores do grupo, Ana Cristina Carvalho, a usina na verdade já produziu energia por alguns dias recentemente, mas em fase de testes - e a energia foi vendida para a Cemig, por cerca de R$ 2,5 milhões. Ela deve ficar ainda em testes por cinco dias, e por mais 15 poderá vender a produção no mercado spot. Depois, a energia vai para a Votorantim, por 16 anos.
Com potência para gerar 116 MW, a usina de Salto custou R$ 460 milhões, e foi colocada à venda para aliviar as contas da TPI - o endividamento da Triunfo Participações cairia de R$ 804 milhões para R$ 484 milhões - a dívida associada à usina é de R$ 320 milhões. Isso liberaria o grupo para reinvestir, inclusive em energia elétrica. A empresa tem três projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) aguardando aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e quatro projetos de usinas de maior porte. Como está à venda, contudo, a receita da usina de Salto não deverá ser contabilizada no balanço da Triunfo Participações - será apenas mencionada.
A venda deve preparar a empresa para novos negócios também em rodovias - a TPI tentou, sem sucesso, disputar a concessão da rodovia BA-093, na Bahia. Suas concessões no Sul do país vêm dando bons resultados com a volta do tráfego de veículos: o crescimento de receita foi de 16,6%, sem contar com nenhuma aquisição na área - o grupo está em busca de novos ativos.
A empresa de participações teve aumento nos resultados com seu terminal portuário, o Portonave aumentou em 106% no primeiro trimestre deste ano em relação ao primeiro do ano passado - o porto começou a operar comercialmente no ano passado, e está em fase de maturação. Mas o projeto passa por questionamentos na Agência Nacional de Transportes Aquáticos (Antaq), onde discute-se o direito de o terminal transportar carga de terceiros.
Em Santos, a TPI tenta implantar o projeto do "Brites", um megaterminal para granéis e contêineres. Em 22 de abril, o projeto passou por audiência pública em Santos, como parte do licenciamento ambiental. Segundo a diretora de relações com investidores da empresa, tudo correu bem. Se nada der errado, o projeto pode conseguir a licença prévia no fim do ano.
Fonte: Valor Econômico/ Fernando Teixeira, de São Paulo
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