Distribuidora avalia que áreas em Santos (STS-08 e STS-08A), que serão leiloadas nesta sexta-feira (19), estão num local onde a empresa tem interesse, seja olhando a participação, seja como tomador de serviços, aportando com as cargas.
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A Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, mantém esforços na ampliação e manutenção da infraestrutura, principalmente nas áreas portuárias. Nos últimos três anos, a empresa investiu quase R$ 2 bilhões em infraestrutura logística. Para a distribuidora, a infraestrutura portuária é uma parte relevante para atendimento do mercado em momentos em que a produção nacional não é suficiente, como nos últimos meses, quando as refinarias da Petrobras, principal refinadora do país, atingiram o topo da produção. A Vibra também tem planejamento de investimentos em outras áreas da infraestrutura.
“Nosso plano de negócios prevê a continuidade de investimentos em manutenção e reforço da infraestrutura. Estamos olhando muito para infraestrutura portuária”, contou o gerente sênior de planejamento logístico na Vibra Energia, Aurélio Souza, em entrevista à Portos e Navios.
Souza observa que o país tem balanço de oferta e demanda de combustíveis muito baseado em combustíveis fósseis, mas que a produção de diesel e gasolina no país, por exemplo, é deficitária em relação à demanda. Parte é complementada com biocombustíveis, parte com importação. Ele percebe que distribuidoras com o porte da Vibra têm acessado o mercado internacional para importar combustíveis para atendimento da demanda local.
Para a Vibra, as regiões Norte e Nordeste são relevantes de infraestrutura portuária porque a produção local é bem menor do que a oferta existente. Somado a isso, a participação de mercado da Vibra Energia nessas regiões é relevante. Há estados nessas localidades em que a empresa mantém entre 30% e 40% de share, chegando a quase 50% em determinados estados no mercado de diesel e gasolina.
Para Souza, o leilão de arrendamentos portuários previsto para esta sexta-feira (19) será importante para melhor recebimento dos produtos, porém não resolverá a questão de escoamento, já que Santos é um porto sem escoamento de granéis líquidos por ferrovia. Ele também citou o Porto de Aratu (BA), que tem déficit de capacidade de armazenagem de combustíveis e escoamento do porto para o interior e centros de consumo. “Existem alguns mapeamentos. Deveríamos olhar frente à demanda e à oferta da região a capacidade de armazenagem desses portos vocacionados para combustíveis: atracação, escoamento de produto para dentro do navio e do escoamento de produtos para terra”, avaliou.
Ele acrescentou que as áreas em Santos (STS-08 e STS-08A) estão num local onde a empresa tem interesse, seja olhando a participação, seja como tomador de serviços, aportando com as cargas. O gerente lembrou que a empresa já atua em Santos e em portos da região Sul, tanto como tomador de serviço, como aportando cargas em operadores logísticos. “Estamos atentos. Havendo oportunidade e se equação risco-retorno fizer sentido, podemos avaliar outros modelos de posicionamento, até mesmo com capex próprio”, afirmou.
Além do reforço da infraestrutura, a empresa tem uma frente de reforço comercial junto aos agentes que participam dos processos de compra das refinarias. Souza disse que a empresa procura atuar em algumas frentes diante da abertura do mercado de refino no Brasil. Parte dos investimentos na costa e parte em planejamento buscam manter as estruturas com capacidade de receber produtos e ter porte para negociar com o refinador, seja qual for. O gerente explicou que ter infraestrutura na costa permite limitar o preço que o refinador local estabelecerá para a distribuidora.
Ao longo de processos de negociação da Petrobras com agentes privados, a Vibra se aproximou de empresas ou consórcios que estão olhando esses processos, com objetivo de estabelecer alianças estratégicas. “Nós que temos escala entendemos que temos condições de negociar contratos comerciais com refinadores em condições diferenciadas compatíveis com a infraestrutura que temos”, afirmou.
Energia
A Vibra Energia aposta em parcerias e investimentos para ganhar espaço em negócios envolvendo biocombustíveis e eletricidade. O principal negócio hoje é a distribuição de combustíveis, porém a Vibra está com uma série de ações para atuação nesses novos mercados para participar das oportunidades no processo de transição energética. Recentemente, a Vibra anunciou parceria com a Copersucar, de olho no reforço do biocombustível, principalmente na comercialização de etanol, com capilaridade nacional.
A Vibra também tem parceria com a Comerc visando a aceleração do planejamento estratégico, com foco em energia com soluções de ponta a ponta para toda a cadeia. A distribuidora espera que a Comerc ajude a reforçar seus negócios, que já contam com plataforma de clientes b2b. Na parte de biogás, a Vibra tem uma parceria com a Zeg Biogás, além de outras frentes em desenvolvimento para o aproveitamento de soluções e oferta de biogás para diversos segmentos.
"A gente vem fortalecendo nosso portfólio atual na parte de distribuição de combustíveis, mas temos e enxergado novos vetores de crescimento e temos feito apostas graduais em espaços de inovação para poder navegar nesse mercado em transição", disse Souza.