A diversidade pode tornar o setor ainda mais competitivo e alinhado às demandas dos novos tempos
É inegável o papel crucial que as mulheres desempenham não apenas no seio familiar, mas também no contexto empresarial. Dados do "Center for American Progress" evidenciam a contribuição econômica substancial das mulheres na força de trabalho, muitas das quais são mães e lideram seus lares de maneira exemplar.
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Recentemente, a Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (Antaq) trouxe à tona dados preocupantes sobre a participação feminina no setor portuário. Segundo a pesquisa divulgada, a presença de mulheres estagnou em 17% no século XXI, um índice que não avançou em relação ao século anterior.
Os ganhos que as mulheres podem trazer para o setor logístico são mais profundos do que a simples diversidade — que já é fator importante de competividade. Estudo realizado pelo International Transport Forum, órgão ligado à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), relaciona o maior número de mulheres executivas nos segmentos de transporte com maior empenho na descarbonização.
O paralelo entre mais diversidade e mais sustentabilidade ambiental parece desconexo, mas a análise reforça que ao ter mais profissionais com visões e trajetórias diferentes, mais desenvolvimento o setor logístico irá colher. Novos caminhos e soluções serão encontrados e poderemos enfrentar os desafios de forma mais completa.
Não é um caminho fácil, já que muitas mulheres se afastam de carreiras no segmento por desconhecimento. As formações especializadas em logística, geralmente, são ocupadas por homens. E é preciso que as empresas do setor possam incentivar uma participação mais diversa.
Alguns avanços são notados, de acordo com uma pesquisa da Gupy, empresa de tecnologia para recursos humanos. Só em 2020 — ano de pandemia —, a contratação de mulheres no setor logístico aumentou 229%. Porém, ainda falta bastante trabalho para que as mulheres se sintam mais acolhidas no setor.
Eu atuo na área há mais de 10 anos e tenho acompanhado essas discussões e pequenas transformações. Na Portocel, temos discutido que para atrair maior participação feminina é necessário um olhar mais cuidadoso na promoção de ambientes de trabalho inclusivos, flexíveis e acolhedores para a construção de equipes mais diversas, engajadas, eficientes e resilientes no setor portuário.
Encorajamos ativamente a contratação de mulheres, embora a divulgação de vagas não seja exclusivamente afirmativa. Nosso planejamento estratégico de gestão de talentos está em andamento. No entanto, estamos comprometidos em aumentar a representação feminina tanto em cargos operacionais quanto de liderança.
Além da contratação, no dia a dia trabalhamos para garantir um clima organizacional mais flexível, entendendo os desafios dos perfis diferentes de colaboradores.
Atualmente, temos uma representação de 15% de mulheres, sendo que 20% ocupam cargos de liderança. Embora esses números ainda sejam modestos, é importante destacar nosso crescimento significativo ao longo dos últimos cinco anos, com um aumento de 2,8% na participação feminina. Esses dados evidenciam minha determinação em promover uma cultura organizacional mais equitativa e inclusiva, e vamos continuar trabalhando para aumentar esses índices e criar um ambiente ainda mais acolhedor para todos os colaboradores.
Acredito que ao reconhecer a importância da participação feminina e tomar medidas concretas para promover essa inclusão, a empresa está contribuindo para a construção de um setor portuário mais diversificado, representativo e, acima de tudo, mais competitivo.
À medida que refletimos sobre essas questões, é fundamental que todos os setores da sociedade se unam em um esforço coletivo para superar esses desafios e criar um futuro mais justo e inclusivo para todos.
Portanto, cabe a cada um de nós, seja como indivíduos, empresas ou entidades governamentais, fazer a nossa parte para promover a igualdade de gênero e garantir maiores avanços a esse setor que é de fundamental importância para o desenvolvimento do País.
Valéria Provete é gerente de Novos Negócios da Portocel