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Impactos do novo coronavírus nos custos logísticos marítimos

Cerca de 90% da carga comercializada globalmente é transportada pelos mares, o que prova a importância desse modal para o fornecimento contínuo de comida, combustível, suprimentos médicos, matéria prima e produtos agrícolas. No Brasil, as transações marítimas são realizadas por meio de 34 portos molhados e 147 terminais de uso privado que, juntos, garantem a manutenção da economia nacional, a segurança dos empregos e a saúde e bem estar da sociedade. Portanto, é simples de entender que as medidas restritivas necessárias para o controle do novo coronavírus causam grandes impactos nos custos e índices logísticos, bem como na rotina dos portos.

Ainda vale destacar que, de acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), os custos logísticos no Brasil equivalem a 12,2% do PIB, bem como representam cerca de 10% do faturamento das empresas nacionais. Portanto, é fundamental que as estratégias de negócios sejam desenvolvidas com base nos índices globais de custos logísticos. Os três mais utilizados atualmente são o FBX, o Harpex e o BDI, sendo que os dois primeiros analisam o transporte marítimo de contêineres, e o último, de granel.


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Porém, há uma grande dificuldade de tentar estabelecer uma comparação viável entre eles, dado que nem sempre seguem tendências similares durante o mesmo período. Por isso é importante conhecê-los e entender de que forma podem ser mais bem utilizados no cotidiano da organização, além de se atentar às movimentações de mercado que possam gerar alterações. Assim, a partir do anúncio do governo chinês, de que nos próximos meses haverá uma retomada gradual da produção industrial e exportação, a expectativa é de melhoria desses índices.

Índices de contêiner

Como já citamos, os índices Harpex e FBX acompanham a movimentação dos contêineres. O primeiro foi criado em 2004, sendo que em 2011 sofreu alguns reajustes para atender demandas do mercado. Suas taxas são geradas de acordo com os acontecimentos globais da semana e por meio de uma análise comparativa com as últimas seis a doze semanas. Em março, o valor médio foi de US$634, enquanto em abril foi US$584, acompanhando um movimento de queda que se segue desde janeiro.

Já o FBX (Freightos Baltic Index), que foi lançado em 2017 em Cingapura, promove suas atualizações semanais a partir de dados obtidos pela movimentação diária de contêineres de 40 pés (12 metros). Para o cálculo, o FBX utiliza os dados lançados em tempo real pelas transportadoras na plataforma de gerenciamento de taxas de frete WebCargo by Freightos. Aqui, o valor fechado em março foi de US$1,369.75 e a estimativa é que em abril tenha chegado a US$1,453, ou seja, um aumento de cerca de 6%.

Índice de granel

O Baltic Dry Index (BDI), diferentemente dos dois anteriores, é um índice que atua com os custos logísticos de navios que fazem transporte de minerais a granel. Para isso, o BDI utiliza dados adquiridos no escritório de Londres da Bolsa do Báltico, que recebe, diariamente, avaliações de corretoras internacionais a respeito do custo corrente do frete. Para esses estudos, os analistas utilizam rotas de embarcações Capesize, Panamax, Supramax e Timecharter que seja suficientemente representativas em termos de volume.

Em resposta aos acontecimentos derivados da pandemia do novo coronavírus, o BDI em março apresentou um crescimento de 30,50% com relação ao mês anterior, atingindo o preço médio de US$601, sendo que todos os meses do último semestre de 2019 apresentaram valores superiores a US$1,000, tendo inclusive alcançado US$2,254.

Por fim, apesar desses índices serem altamente importantes para o desenvolvimento de estratégias comerciais e industriais, vale destacar que apresentam um gargalo real na quantificação dos dados. Isso se dá pelo fato de que nem todos os países fornecem dados com tanta abertura, enquanto outros não apresentam tanta confiabilidade. Ainda assim são muito utilizados, principalmente por serem constantemente atualizados e refletirem com muita rapidez os acontecimentos internacionais.

Rodrigo Simões Scolaro, economista da Costdrivers






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