Inovar é a única forma de construir pontes para o futuro

Os avanços tecnológicos e a busca por inovação estão, mais do que nunca, presentes em todos os setores da economia. No entanto, as razões que levam a essas práticas são determinantes para o desenvolvimento e aceitação de novas tecnologias no mercado. É comum notar, principalmente em setores consolidados e tradicionais, a busca por novas tecnologias com foco exclusivo em se adequar a imposições regulatórias. Em situações como essa, o propósito da inovação se distancia da visão de que é necessário inovar com foco nas necessidades reais dos clientes e assim transformar significativamente sua indústria.

O setor marítimo é um exemplo a ser observado. De acordo com a autora K.D. Adams, em seu livro ‘’Shipping and the 800lb Gorilla’’, historicamente as companhias do setor marítimo buscam inovar para se adequarem às normas – o que também é essencial – e acabam investindo menos em inovações possivelmente disruptivas. Como as empresas de transporte, de fato, precisam garantir a conformidade com as regulamentações, rendem-se a produtos pouco inovadores que visam apenas ao lucro dos fornecedores.

Ainda de acordo com a autora, essa tendência acaba criando um efeito bola de neve de desconfiança. Enquanto os fornecedores mantêm como foco produtos cada vez mais caros, somente com a visão de ganhar dinheiro a partir das obrigações das regulamentações, o setor marítimo, de forma geral, confia cada vez menos nos fornecedores de “novas tecnologias”.

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Apesar de o setor marítimo sofrer críticas por estar atrasado em relação às novas tecnologias, é válido ressaltar que o mesmo não usufrui da facilidade e preços da conectividade em terra que outras indústrias aproveitam. Se antigamente a conectividade marítima atuava como um freio de inovações, hoje esta atua como uma ponte.

Atualmente, observamos o rápido aumento das velocidades e redução dos custos de conectividade. Como exemplo, o advento de novas redes HTS representam um divisor de águas no momento em que abrem os olhos da indústria para resignificar a conectividade como base para novos modelos de negócios, suporte na decisão com base em dados e criação de valor para o mercado, ao invés de atuar basicamente como um centro de custo.

Claramente, construir uma empresa inovadora é um desafio complexo, mas, ao que parece, existem alguns ingredientes básicos. Em um nível operacional, novas tecnologias são a chave para redução de custos, otimização de recursos e geração de novas ideias com base na análise de quantidades massivas de dados. Já em um nível estratégico, é importante estar alinhado com as grandes tendências que têm o potencial de moldar o mundo em termos de mercado, demanda de clientes e cadeias de valor.

Uma das tendências mais importantes que tenho observado (e que, por incrível que pareça, não tem nada a ver com tecnologia) é a importância da diversidade nas empresas. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de pesquisa do Credit Suisse envolvendo 2.630 empresas, aquelas que possuíam mulheres em seus conselhos de administração obtiveram resultados 26% superiores. Além disso, dois grandes exemplos de inovações no setor marítimo não vieram diretamente de profissionais ‘’nascidos e criados’’ no setor, são eles: a partir da inovação de Thomas Edison, o presidente da Oregon RailRoad Company, Henry Villard (setor ferroviário), decidiu instalar lâmpadas elétricas no navio de passageiros SS Columbia em 02 de maio de 1880; 70 anos depois, Malcom McLean (setor rodoviário) introduziu o conceito da carga conteinerizada, o qual revolucionou toda a logística internacional.

Inovar é a única forma de alcançar novos patamares no cenário atual. Um setor estagnado desenvolve uma tendência de conter a si próprio e o uso de novas tecnologias pode ser uma ponte para atender às necessidades do mercado. Novas tecnologias podem potencializar não somente a criação de soluções pontuais, mas uma grande rede inteligente, e o setor marítimo deve não apenas se inserir, mas aproveitar essa tendência. É possível crescer, aumentar a eficiência, criar novos caminhos, tornar-se mais seguro, tudo isso a partir do mindset de inovação em todos os âmbitos das organizações.

Bruno BalbiBruno Balbi é graduado em Oceanografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e CEO na i4sea.



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