A voz corrente é que o ano só começa depois do carnaval. Muitos concordarão que 2018 começou lá pelo meio de dezembro. Com os tiroteios da política, os tiroteios dos criminosos, as vidas perdidas no fogo cruzado e os espasmos da economia. Mas existem lições que merecem registro: a população que não se intimidou e fez carnaval mesmo assim. Nas ruas, no Sambódromo, expondo a fragilidade de autoridades em patética perplexidade.
É necessário reconhecer que existem notícias boas na indústria naval, mesmo tirando a fantasia. A revista Portos e Navios lançou seu cadastro de participantes do setor, apresentou realidade das encomendas existentes e registra a preparação em cursos e treinamentos para uma nova fase e expansão dos negócios.
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Os indícios positivos prosseguem, o pré-sal responde por metade do total de petróleo e gás natural produzido no Brasil. A fatia das empresas privadas representa 33% do total da produção. O campo de Libra entrou em operação. Ocorreu a retomada do calendário de leilões. Segundo a ANP, a participação da Petrobras na produção de caiu 90%, até 2013, para 77%, em 2017.
A arrecadação com royalties e participações especiais sobre a produção do petróleo cresceu mais de 50%, em 2017, após dois anos de queda. Segundo a ANP, a receita destinada à União, estados e municípios deverá superar R$ 30 bilhões, em 2017, o que representa um de acréscimo de 50% sobre 2016.
O petróleo é nosso. Mas quem guarda é a mãe natureza, sob um manto de mar a dois mil metros de profundidade e a mil e quinhentos metros de profundidade no subsolo. São os números do desafio da produção em alto-mar do pré-sal. O petróleo é nosso, significando que se encontra em mar territorial brasileiro, distante a 200 quilômetros da nossa costa. A pesquisa, a perfuração e a produção exigem investimentos de muitos bilhões de dólares.
Seria bom se as associações empresariais informassem corretamente para ajudar a tirar a fantasia de que o “nosso” petróleo está sendo entregue às multinacionais de graça. O petróleo em repouso no subsolo não gera riqueza. Jorrando, das plataformas flutuantes de produção em alto-mar, gera empregos, encomendas, impostos, royalties, paga os empréstimos contraídos para os investimentos em produção e remuneram o capital dos acionistas, incluindo acionistas da Petrobras.
E segue o bloco através de narrativas improváveis e realidades trágicas dos erros, omissões e crimes comprovados na Lava-Jato. Alegorias de outros carnavais, incompletas e esquecidas, têm o destino de virar sucata, num ambiente de falta de lideranças e decisões. São três navios petroleiros num estaleiro na Baía da Guanabara, Rio de Janeiro, em diferentes estágios de produção, cancelados pela Transpetro. Navios-sonda, de um lote de 28, onde pelo menos quatro podem ser concluídos, segundo especialistas. Sobras do enredo da Sete Brasil que envolveu estaleiros, alguns construídos especialmente para essa demanda. Tudo planejado para um único comprador: a Petrobras. Plano interrompido pela queda do preço do barril do petróleo. Os envolvidos em operações escusas para conquistar contratos pagam em acordos na Justiça, aqui e nos EUA, para evitar condenações.
No lado da virada, investidores comparecem aos leilões da ANP. Disputam áreas de exploração, assumem riscos para amortizar seus investimentos e remunerar seus acionistas pelos próximos 30 anos de produção. Um novo conjunto de empresas fornecedoras surgiu. Uma nova geração de executivos assume postos de liderança. Trazem currículo de realizações e formação qualificada, atentos à realidade dos negócios. Há criação de oportunidades de trabalho para brasileiros. Seria bom se as empresas divulgassem em eventos e publicações o detalhamento das qualificações que consideram necessárias.
O transporte marítimo internacional e na costa brasileira está em expansão. A Antaq apresenta os resultados positivos na expansão dos volumes de carga nos portos. A revista Portos e Navios está fazendo sua parte. Promovendo encontro técnico sobre os custos portuários e as regulações desconexas. O comportamento das instituições promove mudanças que afetam o desempenho econômico. O livro do economista Douglass North apresenta suas observações no estudo dessa questão. Uma coisa é certa, não haverá retomada sem compromisso com a excelência.