Por Marcelo Bruto
• A extraordinária evolução da logística nas últimas décadas encontra boa parte de explicação na integração cada vez mais intensa de informações. É proporcionada pelos avanços nos meios de comunicação, nos transportes, e, sobretudo, nas atividades de planejamento e gestão do fluxo e armazenagem de matérias-primas e de produtos. Desde o ponto onde são produzidas até a casa do consumidor. A logística influencia nas decisões de investimentos de empresas, na sua competitividade e no bem-estar de todos nós ao recebermos nossos livros, smartphones e alimentos no prazo, qualidade e preço desejados.
No Brasil, um gargalo resistente para uma mudança de patamar logístico é a insuficiência de nossa infraestrutura rodoviária, por onde transitam 57% das cargas movimentadas nos Portos. Entre os mais conhecidos retratos desse drama estão as filas em épocas de safra e seus efeitos na forma de custos mais altos de frete, armazenagem e operações portuárias. Pelo menos desde 2012, quando o Governo Federal anunciou que priorizaria investimentos em acessos e pátios, é pauta do Plano Nacional de Logística Portuária uma solução inovadora e intensiva em tecnologia da informação. É a implantação de áreas de apoio logístico nas proximidades dos portos, destinadas a integrar informações desde a origem ao destino das cargas, disciplinar o fluxo portuário com menor pressão sobre as estradas, reduzir os custos relacionados e agregar serviços aos transportadores, trocando as horas perdidas em filas e estacionamentos precários por mais gestão e produtividade.
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A primeira (e bem-sucedida) experiência ocorreu no Porto de Santos, onde foi implantado sistema de agendamento e pátios foram credenciados, minimizando a paralisia periódica das vias de acesso. Foi justamente em Santos que o Governo de Pernambuco e o Porto de Suape foram buscar inspiração para viabilizar a implantação de pátios de triagem, num processo que se iniciou em 2017 com a realização de consulta pública e culminou com o chamamento público e seleção de sete empresas. Cinco já foram credenciadas para instalar pátios próximos a Suape nos próximos 12 meses, com investimentos de R$ 67 milhões e 500 vagas estáticas por pátio. É experiência pioneira, construída por meio de diálogo e atraindo investimentos privados sob um regime de competição.
Suape cresceu 56% desde 2014, tornando-se o maior porto brasileiro na movimentação de granéis líquidos e líder no Nordeste em contêineres. O reflexo desse crescimento é a movimentação de mais de 12 mil veículos por dia por suas vias de acesso, sendo mais de 2,5 mil caminhões transitando em direção ao porto. Os novos pátios, além de gerar mais empregos com os investimentos previstos, receberão todos os caminhões antes de seu ingresso no porto, permitindo o gerenciamento de uma fila virtual e a liberação dos caminhões de acordo com agendamento prévio, enquanto serviços de descanso, manutenção e liberação de cargas são realizados.
A integração de informação permitirá aos transportadores planejar na origem sua rota e aos terminais a implantação de um sistema de agendamento que amplie a eficiência das operações. Finalmente, os serviços de triagem serão prestados em regime de concorrência entre os grupos credenciados, num modelo regulatório que estimulará inovação e competição por preços e serviços.
A gestão da logística é essencialmente baseada na integração entre sistemas de transportes e de informações. Como plataforma industrial e logística que orgulha todos os pernambucanos, esse era um importante passo que precisava ser dado por Suape, preparando o porto para novas décadas de crescimento.
Marcelo Bruto é vice-presidente do Porto de Suape