O faturamento das companhias que fabricam máquinas e equipamentos deverá ter uma queda próxima de 20% neste ano, na estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Esse percentual corresponde por uma contração de cerca de R$ 15 bilhões para o setor, para perto de R$ 65 bilhões, ante R$ 79 bilhões no ano passado. Até agosto, as vendas somam R$ 45,9 bilhões, 17% abaixo do valor do mesmo período do ano passado.
Mário Bernardini, economista da associação, afirma que "não há possibilidade" de recuperação do setor neste ano. "A expectativa é de um decréscimo mais próximo de 20% do que de 15% neste ano. Vamos ter uma formação bruta de capital fixo de 17%, o que significa que não vamos crescer no futuro."
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Além da falta de confiança na economia e da redução dos investimentos produtivos no país, a Abimaq atribui a difícil situação do setor à redução da demanda de empresas de diversos setores, que estão deixando de produzir localmente para importar produtos prontos. "A indústria da transformação não está crescendo. O processo forte de desindustrialização do país está se acelerando mais", afirmou Bernardini ontem.
Em agosto, o faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos somou R$ 5,38 bilhões, 28,7% abaixo do valor verificado no mesmo mês do ano passado. Na comparação com julho, houve queda de 5,5% no volume de vendas das companhias fabricantes de bens de capital mecânicos.
A Abimaq afirma que os preços de máquinas e equipamentos passaram a crescer menos do que a variação dos custos neste ano, reduzindo as margens do setor.
Nas transações com o exterior, a associação mostra que as exportações do setor caíram 6,7% em agosto, somando US$ 1,15 bilhão. Enquanto isso, as importações totalizaram US$ 2,55 bilhões, queda de 17,2% em um ano. Com isso, o setor teve déficit comercial de US$ 1,1 bilhão em agosto. Desde o início do ano, acumula déficit de US$ 10,43 bilhões, o que representa uma redução de 24,7% na comparação com igual intervalo de 2013.
A Abimaq mostra que o setor de máquinas e equipamentos operou com uma utilização de 75,5% de sua capacidade instalada em agosto, 0,2 ponto percentual acima do indicador verificado em julho, mas 2,8 pontos percentuais abaixo da utilização da capacidade em agosto do ano passado. Em média, o indicador está em 75,8% em 2014, acima dos 75,1% de 2013.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo