Caminhando para encerrar o quarto ano consecutivo de queda no faturamento, o setor de bens de capital mecânicos, representado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), já está encaminhando conversas com o governo interino para levar s
Caminhando para encerrar o quarto ano consecutivo de queda no faturamento, o setor de bens de capital mecânicos, representado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), já está encaminhando conversas com o governo interino para levar suas demandas. Por ora, tem visto acolhimento, boa vontade e disposição para estudar as propostas, mas "nada de concreto", conta o presidente executivo da entidade, José Velloso.
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A Abimaq já se reuniu com o presidente interino, Michel Temer e com os ministérios da Indústria e do Trabalho, dentre outras autoridades. No topo das preocupações estão câmbio e taxa de juros. "Nessa taxa não vale a pena investir."
O câmbio preocupa pela falta de previsibilidade. Além de ficar a um patamar acima de R$ 3,60, R$ 3,80, para ganhar em exportação, as empresas precisam de um horizonte de estabilidade na moeda. "Como a demanda interna vai demorar para voltar, temos que partir para a exportação para ampliar as vendas".
De janeiro a abril, os fabricantes ainda não conseguiram superar o nível de exportação visto no mesmo período de 2015. Os dados divulgados pela Abimaq apontam para uma queda de 1,3% nos quatro primeiros meses do ano, para US$ 2,6 bilhões. A queda no déficit da balança comercial, portanto, se explica principalmente por uma redução da ordem de 32% nas importações - que atesta a redução do nível de investimentos no país.
No início do ano, o mercado externo era visto como a possível saída para a crise econômica, agravada pela instabilidade política enfrentada pelo Brasil.
Sem uma saída à vista, a crise econômica ainda fez com que muitas empresas do setor enfrentassem dificuldades para honrar seus compromissos com o Fisco. Uma das propostas levadas ao governo, portanto, foi o estabelecimento de um refinanciamento para que as companhias possam regularizar sua situação, "um Refis". "Sei que o [Henrique] Meirelles [,ministro da Fazenda] não gosta muito dessa palavra, mas as empresas não vão pagar os impostos do presente se não conseguirem resolver o passado", diz Velloso.
Além disso, está em jogo o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diante das sinalizações do governo. Velloso diz que houve queda nos desembolsos porque as empresas estão sem estímulo para investir. Porém, havendo uma queda na taxa de juros, o protagonismo do banco é necessário. "Sem o BNDES não tem crescimento".
Fonte Valor Economico/Victória Mantoan | De São Paulo