Passados mais de dois anos do acidente com a Samarco, em novembro de 2015, a Vale e a anglo-australiana BHP - donas da mineradora - ainda buscam soluções para o futuro da empresa. A reestruturação societária da Samarco está sobre a mesa, mas qualquer definição dos sócios sobre o tema depende de a mineradora obter as licenças ambientais para voltar a operar. Há previsão de que duas audiências públicas sobre o licenciamento da Samarco sejam realizadas em dezembro, mas não fica claro ainda quando a companhia poderá retomar a produção em Mariana (MG).
Enquanto isso, Vale e BHP mantêm conversações sobre a sociedade na Samarco, mas as discussões prosseguem de forma lenta, disseram fontes. O mercado considera possível que a Vale fique com a participação da sua sócia na mineradora de ferro, na qual cada sócio tem hoje 50%. A BHP vê a Samarco como um ativo de valor desde que consiga retomar as operações que estão paralisadas desde 5 de novembro de 2015, quando a barragem de Fundão rompeu matando 19 pessoas e provocando o maior desastre ambiental do Brasil.
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Fontes do setor avaliam que um caminho natural, depois de garantido o retorno da Samarco à operação, seria a BHP deixar a sociedade. A Samarco é o único ativo da mineradora australiana no Brasil. A BHP disse que não comentaria "especulações". Ainda de acordo com fontes, o foco de Vale e da sócia é retomar as operações da Samarco, condição necessária para que os dois controladores cheguem a um desfecho nas negociações. "Sem a licença, a Vale não assume a Samarco isoladamente", disse fonte.
Até a próxima semana, as duas acionistas devem anunciar os valores dos aportes que farão na Samarco em 2018 para cumprir seus compromissos. Para 2017, a Vale tem estimativa de desembolsar US$ 168 milhões na mineradora e US$ 313 milhões na Fundação Renova, responsável pelos programas de reparação dos danos de Fundão. Em junho, a BHP aprovou US$ 250 milhões em suporte financeiro à Fundação Renova e à Samarco até 31 de dezembro.
Em setembro, a Samarco apresentou ao governo mineiro o pedido de licença para voltar a operar. Na ocasião, protocolou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do pedido de licenciamento operacional corretivo (LOC) na Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Semad), mas preferiu não fazer previsões sobre prazos para receber essa licença. Fonte afirmou que os órgãos ambientais continuam reticentes em conceder as licenças.
A Semad disse que o pedido de licenciamento da Samarco está em análise técnica. Audiência pública sobre a LOC deve ser realizada em dezembro, quando haverá outra audiência pra tratar da licença de instalação da cava de Alegria Sul, para depósito de rejeitos.
Fonte: Valor