A negociação da ampliação do acordo comercial entre Brasil e México tem potencial para elevar em 50% as exportações previstas para o país em dez anos, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Conforme cálculos feitos pela FGV a pedido da instituição, os embarques cresceriam para US$ 6,6 bilhões até 2025, ante os US$ 4,4 bilhões projetados em um cenário sem acordo.
A gerente executiva de negociações internacionais da CNI, Soraya Rosar, que participou da quarta rodada de negociações, acredita que o acordo pode ser concluído até 2017. E afirma que é um dos com maior potencial de retorno para o Brasil. "Apesar de o México ter uma estrutura industrial similar, os países têm uma grande complementaridade".
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Em 2015, as exportações ao país atingiram US$ 3,7 bilhões, 2,7% menos que em 2014 - foi a segunda queda consecutiva. Há dez anos o Brasil vem perdendo participação nas vendas para o México, que tem se beneficiado de vários acordos bilaterais. Entre 2005 e 2015, a fatia brasileira nas importações mexicanas diminuiu de 2,4% para 1,2%.
O cenário do estudo encomendado à FGV, admite Soraya, é bastante otimista, já que prevê a transformação do atual Acordo de Complementação Econômica em um acordo de livre comércio. Ou seja, a desgravação total - redução gradual até que as alíquotas sejam zeradas - de todo o universo tarifário, com exceção das vigentes no acordo automotivo, no período de cinco anos.
Segundo as estimativas, a corrente de comércio entre os dois países cresceria 38% até 2025, para US$ 18 bilhões, em relação ao cenário sem ampliação do acordo. As exportações de manufaturados subiriam 45,3%, e seriam beneficiadas sobretudo as indústrias têxtil e de vestuário, de alimentos e bebidas e de produtos metálicos e couros.
A negociação com o México é importante diante da possibilidade de que as discussões entre Mercosul e União Europeia esfriem, diz Soraya, após a decisão do Reino Unido de sair do bloco. A valorização do real neste ano tende a tornar a postura das empresas mais conservadora em relação ao mercado externo, diz.
Segundo ela, o câmbio afeta diretamente as margens de pequenas e médias companhias que estavam tentando começar a exportar. Ainda que um acordo com o México só mostre os primeiros efeitos em 2018, afirma, é importante que o país tenha maior integração global.
Fonte: Valor Economico/Camilla Veras Mota | De São Paulo
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