Está em curso uma disputa nos bastidores pela presidência da ApexBrasil (Agência de Promoção de Exportações), ligada ao ministério do Desenvolvimento.
O coordenador da campanha de Dilma, Alessandro Teixeira, é um dos cotados. O setor privado, no entanto, gostaria de ver alguém com um perfil mais técnico no comando da entidade.
Nas últimas semanas, empresários ligados à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) fizeram algumas sugestões ao ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, de quem poderia ocupa a presidência da ApexBrasil.
O nome que encabeça a lista é David Barioni, ex-presidente da TAM e ex-vice-presidente da Gol. Barioni, que não quis comentar o assunto, é muito próximo de João Doria Junior, do grupo empresarial Lide.
Também foi cogitado o empresário Wilson Poit, que hoje é secretário de Turismo da prefeitura de São Paulo e presidente da agência SP Negócios. Mas ele não aceitou o posto, porque não poderia se mudar para Brasília por questões pessoais.
Monteiro ainda não tomou uma decisão, o que deve ocorrer em breve. Ele disse a interlocutores próximos que precisa de um "técnico competente", mas que considera Teixeira um "bom nome".
Com um orçamento de R$ 533 milhões aprovado para 2015, a ApexBrasil se tornou peça central na estratégia do governo de revigorar as exportações e manter o crescimento econômico em meio ao duro ajuste fiscal.
A avaliação dos empresários e de setores do governo é que a agência perdeu relevância nos últimos quatro anos. A ideia agora é incrementar as missões comerciais, mas também traçar novas estratégias para promover o Brasil no exterior.
Segundo a Folha apurou, Monteiro estaria sendo pressionado pelo PT a nomear Teixeira, que é muito próximo da presidente Dilma. Egresso da ala gaúcha do partido, ele coordenou o programa de governo à reeleição.
Teixeira comandou a Apex no segundo mandato de Lula e foi secretário-executivo do ministério do Desenvolvimento nos primeiros anos de Dilma. Ao sair da Apex, deixou no cargo seu número 2, Maurício Borges.
Apesar da proximidade com a presidente, Teixeira se desentendeu com o titular do Desenvolvimento na época e hoje governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Ele também não se dá bem com o ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante.
Depois da briga com Pimentel, Dilma abrigou o aliado no Planalto como assessor especial do gabinete. Ele trabalhava para ser presidente do BNDES no segundo mandato, mas não foi escolhido. Pode, porém, ser nomeado para uma diretoria do banco.
No meio empresarial, Teixeira é visto como um técnico competente, que fez um bom mandato na Apex. O setor privado, porém, temem a influência do PT na agência.
Por indicação de Teixeira, a ApexBrasil emprega hoje cerca de 10 pessoas ligadas ao partido - algumas com salários superiores a R$ 20 mil. Entre eles, estão Mônica Zerbinato, ex-mulher de Osvaldo Bargas e ex-secretária de Lula, e Telma Feher, que foi assessora do ex-ministro José Dirceu.
Procurado, Teixeira não retornou as ligações da Folha para o seu celular na sexta-feira. O ministério do Desenvolvimento e a ApexBrasil não comentaram o assunto.
Fonte: Folha de São Paulo/RAQUEL LANDIM DE ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
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