A Petrobras deve fazer um ajuste entre R$ 14 bilhões e R$ 28 bilhões no balanço que pretende publicar após a reunião de seu conselho, no dia 22. O Valor apurou que o ajuste deverá ter duas parcelas. A primeira, no valor de R$ 4 bilhões a R$ 8 bilhões, será considerada como correção de erro, ao tratar de gastos com corrupção como investimento e não como despesa indedutível.
A base para determinação do valor dessa primeira parcela serão as delações premiadas dos executivos envolvidos na Operação Lava-Jato. A antiga diretoria da Petrobras chegou à cifra de R$ 4,06 bilhões, usando o percentual de 3% sobre os contratos que já se sabia estarem contaminados. Desde então, o cruzamento entre as delações dos acusados e outras provas levantadas na investigação permitem que haja mais segurança sobre esses valores. A empresa deve optar por fazer todo o ajuste no exercício de 2014, sem republicar balanços anteriores.
A segunda parcela de baixa contábil será decorrente de "impairment", ou perda do valor recuperável de ativos. A estatal deve manter a prática de fazer projeções de fluxo de caixa futuro tendo como base seu parque de refino como uma única grande unidade geradora de caixa. Essa opção teve como consequência o não reconhecimento de baixas referentes às refinarias em construção em Pernambuco e no Rio, ainda que, em uma análise individual dos ativos, houvesse sinais de que os custos desses investimentos, diante do estouro nos orçamentos, não seriam totalmente recuperados.
É possível também que haja baixas de ativo por "impairment" na área de exploração e produção. No quarto trimestre, a empresa checa se o valor investido em poços é recuperável. O barril do Brent caiu de cerca de US$ 100 para US$ 60 no fim de 2014, o que pode resultar em baixa superior à média dos últimos anos. A estimativa para o "impairment" das refinarias e poços secos ou subcomerciais é de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões.
As ações ON da Petrobras subiram 4,99% ontem, com compras feitas por investidores estrangeiros animados com a perspectiva de publicação do balanço e a possibilidade de venda da participação da estatal na Braskem.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Torres | De São Paulo
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