O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse ontem (8) esperar que o aumento recente do preço do minério de ferro impacte os preços do aço e, consequentemente, de produtos como automóveis, máquinas e equipamentos.
Ele ponderou, contudo, que o efeito desse processo sobre os índices de inflação não é tão significativo.
"Os preços administrados têm um efeito muito maior (sobre a inflação) do que o preço do aço", afirmou Miguel Jorge, após participar de almoço no Itamaraty. Ele afirmou que os preços dos automóveis não entram no cálculo do IPCA.
A Vale anunciou na última semana ter fechado acordos provisórios ou definitivos com a maioria dos seus clientes com bases trimestrais, em vez do habitual contrato anual.
A empresa não informou os novos preços praticados, mas fontes ligadas a siderúrgicas asiáticas afirmam que os valores teriam subido cerca de 90%, para cerca de US$ 105 por tonelada. Outras grandes mineradoras, como a BHP Billiton, estariam caminhando para ajustes semelhantes.
Miguel Jorge disse que as siderúrgicas dificilmente conseguirão absorver esses aumentos, e que a expectativa é que o preço do aço suba no momento da renovação de estoques.
Ele acrescentou ser difícil calcular o impacto do reajuste do minério sobre os diferentes produtos siderúrgicos, porque isso varia de acordo com o peso de outros custos, como o de mão-de-obra e de tecnologia.
O governo não cogita a possibilidade de reduzir a tarifa de importação do aço para contrabalançar o aumento do minério de ferro, uma vez que esse impacto se dará indistintamente sobre a siderurgia nacional e estrangeira, disse o ministro.
"O aumento vai afetar todo mundo", afirmou Miguel Jorge. Ele destacou, contudo, que "internamente, pode haver alguma capacidade de negociação".
O Brasil voltou a tributar o aço importado em até 14% em meados do ano passado, em meio a reivindicações de siderúrgicas nacionais que ganharam força com o agravamento da crise econômica global. Com a retomada da demanda e ameaças de reajuste do aço, o governo já havia acenado com a possibilidade de zerar as alíquotas de importação novamente.
Fonte: Brasil Econômico/Isabel Versiani/Reuters
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