A temporada de balanços do segundo trimestre de mineradoras e siderúrgicas será aberta hoje, pela Vale, seguida pelas siderúrgicas Usiminas e Gerdau, na próxima semana. A CSN ainda não tem data para divulgar suas contas.
Apesar de um ambiente de negócios mais favorável para a indústria do aço, os analistas não têm dúvidas de que os melhores resultados serão das mineradoras.
A expectativa de bancos e consultorias é que a Vale tenha forte desempenho, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorde, impulsionado pela alta de 20% no preço do minério - que chegou ao maior valor já praticado pela companhia, de US$ 154,37 a tonelada - e pelo aumento das vendas do produto.
O Ebitda pode alcançar R$ 17,7 bilhões, segundo estimativa da corretora Ágora, 229% acima dos R$ 5,3 bilhões do segundo trimestre de 2010. Caso essa projeção se confirme, será um novo recorde da companhia, superando o pico anterior, de R$ 15,9 bilhões de Ebitda, no terceiro trimestre de 2010.
A previsão para a receita líquida da Vale vai de R$ 25,9 bilhões a R$ 28,5 bilhões, superando os R$ 18,4 bilhões do mesmo período de 2010. O minério de ferro deve responder por 85% a 90% do faturamento. O volume estimado de vendas do insumo é de 60 milhões de toneladas, subindo 6% ante o mesmo trimestre de 2010 e 8% em relação ao primeiro de 2011.
A demanda da China pelo minério de alta qualidade da Vale continua puxando as vendas físicas da empresa e os preços. Na nova fórmula de cálculo do preço trimestral do minério, introduzida em março de 2010, a companhia passou a receber mais pelo adicional de teor de minério acima de 62%.
O lucro líquido da gigante do minério deve ficar entre R$ 9,2 bilhões e R$ 9,8 bilhões, segundo preveem analistas da SLW e da Ágora, respectivamente Os números superam os R$ 6,6 bilhões do segundo trimestre de 2010, mas recuam na comparação com os R$ 11,2 bilhões do primeiro trimestre deste ano. O recuo se deu por que a Vale contabilizou, naquele período, R$ 2,7 bilhões recebidos pela venda de ativos de alumínio à norueguesa NorskHydro.
Apesar da boa avaliação que os especialistas fazem da companhia, há preocupação com as incertezas do cenário internacional. A queda de braço entre democratas e republicanos em relação ao aumento do limite do teto da dívida americana vem derrubando as bolsas do mundo inteiro e gerando inquietações. O maior risco para a Vale, segundo os analistas, é uma desaceleração brusca na economia da China, hoje o maior cliente do minério da multinacional brasileira.
Ivan Fadel, analista de mineração e siderurgia do Credit Suisse, reiterou em relatório recente que o banco suíço está otimista em relação à China, no segundo semestre, pois vê espaço para um novo processo de reestocagem de aço e, consequentemente, de minério de ferro da Vale. "A possibilidade de reestocagem do aço melhora a demanda pelo minério". Para o Credit, a demanda de minério por parte dos chineses terá impacto favorável do programa de habitação de baixa renda. O programa prevê a construção de 10 milhões de casas por ano naquele país. Baseado nessa expectativa, o Credit espera um terceiro trimestre melhor que o segundo em resultados para a Vale.
"A questão da Vale não é a Vale em si, é lá fora. O risco China está atrelado a um risco macroeconômico global ", diz um analista de banco que não quis ter o nome citado. Para a SLW, a melhora na geração operacional de caixa da companhia e a alta lucratividade devem funcionar como "importantes sinalizadores de que o cenário para a Vale continua muito confortável". Mas Pedro Galdi, analista-chefe da corretora, reconhece que "nem sempre o preço da ação da companhia reflete esses indicadores internos", dada a instabilidade dos mercados diante da crise externa. O preço-alvo para a ação da Vale, segundo consenso do mercado até o fim do ano, é de R$ 64,85, ante um valor da ação na faixa de R$ 45 a R$ 46.
Fonte:Valor econômcio/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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