Os analistas de bancos que acompanham as empresas de siderurgia não estão nada otimistas com os resultados da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no primeiro trimestre do ano que serão divulgados hoje após o fechamento do mercado. A previsão é de retração, com uma variação de 24%, a mais otimista, até 61% no lucro líquido da empresa comandada por Benjamin Steinbruch, apesar do peso que há alguns anos vem tendo da mineração de ferro (margem elevada de ganho) em seus negócios.
O cenário mais pessimista é apresentado no relatório do banco Santander, elaborado pelos analistas Felipe Reis e Alex Sciacio. Eles projetam lucro líquido de R$ 290,7 milhões no trimestre, com um recuo de 61% em comparação a um ano atrás. "Não há muita mágica nesse trimestre", observou Reis, apontando que a empresa não teve como aumentar preços do aço, enfrentou demanda interna estagnada, competição com material importado e fabricantes locais e sofreu com as intempéries climáticas nas operações de minério de ferro, além da queda de preço.
Apesar de aumento de 12% nas vendas totais, que incluem dois meses da siderúrgica alemão SWT, adquirida no fim de janeiro, e de volume igual de minério de ferro, o relatório do Santander prevê retração de 1% na receita líquida, para R$ 3,74 bilhões. "As siderúrgicas tiveram de dar descontos de preços nas vendas de aço em relação ao produto importado", afirmou.
A projeção é de entrega total de 1,37 milhão de toneladas no trimestre, aumento de 12% sobre mesmo período de 2011, puxado pelos dois meses de SWT (estimativa de 133 mil toneladas). No minério de ferro, a previsão é de venda de 5,2 milhões de toneladas, 1% a mais que um ano atrás, porém com um recuo de 24% na comparação com o quarto trimestre do ano passado.
Nas contas dos analistas, o balanço da CSN trará perda de 7,4 pontos percentuais na margem do resultado operacional (Ebitda), caindo de 40,4% para 33%. O Ebitda previsto é de R$ 1,23 bilhão.
Na prévia do banco HSBC, a projeção de lucro líquido da CSN é de R$ 471 milhões relativo ao período janeiro a março, representando decréscimo de 24% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, porém de 43% em relação ao último resultado de 2011 (R$ 832 milhões). Para a receita líquida, estima-se aumento de 13% na mesma base de comparação, alcançando R$ 4,27 bilhões. O Ebitda esperado é de R$ 1, 42 bilhão, com queda de 7%, gerando uma margem de 33,4% (sete pontos percentuais inferior).
Sinalizando um trimestre fraco para a siderurgia, principalmente para o segmento do aços planos - especialidade de CSN e Usiminas -, o banco Credit Suisse, em relatório divulgado duas semanas atrás, apontou retração de 44% no lucro líquido da siderúrgica, fechando o trimestre em R$ 344 milhões. A prévia da receita líquida é de R$ 3,72 bilhões (menos 1,8%) e de R$ 1,23 para o Ebitda (menos 19,5%), com margem operacional de 33,1%. Os fatores listados são preços e demanda estagnados no mercado interno.
O cenário para o setor, na visão de Reis, do Santander, não é nada promissor até o fim do primeiro trimestre de 2013. Por isso, o analista recomenda venda de papéis de Usiminas e CSN e compra de Gerdau (empresa focada no mercado de aços longos e especiais).
Fonte: Valor Econômico/Por Ivo Ribeiro | De São Paulo
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