A Anglo American pode fazer nova redução ao valor recuperável do projeto Minas-Rio, no Brasil, por conta da desvalorização do minério de ferro. Paulo Castellari, presidente dessa divisão da companhia no país, disse ontem a jornalistas que a partir de agora as potenciais reduções de valor se darão por conta da cotação da commodity.
No passado, encarando atrasos e problemas para o início da operação do empreendimento, o grupo já teve de realizar essa baixa no balanço consolidado global. O último deles, de US$ 3,5 bilhões, foi feito no resultado de 2014 e também já incluía as projeções de queda no preço da commodity.
Atualmente, o projeto é deficitário ou se encontra no ponto de equilíbrio - ou seja, não dá lucro, nem prejuízo. Isso porque, lembra o executivo, o custo do Minas-Rio, da extração ao embarque do produto, situa-se próximo a US$ 60 por tonelada, sendo que o preço está ao redor da referência do mercado à vista.
Hoje, o minério com teor de 62% de ferro é negociado abaixo de US$ 60 nos portos chineses. O produto da Anglo American, contudo, varia entre 67% e 68% de teor, o que confere um prêmio à venda. Mesmo assim, a expectativa é que a geração de caixa se fortaleça só a partir do ano que vem, com a expansão já programada reduzindo o custo de caixa para níveis entre US$ 33 e US$ 35 a tonelada.
A expectativa é que o projeto produza de 11 milhões a 14 milhões de toneladas de minério de ferro neste ano. No primeiro trimestre, o volume foi de 1,2 milhão de toneladas. Para 2016, espera-se patamar de 24 milhões a 26 milhões de toneladas. A companhia espera que a capacidade inicial prevista, de 26,5 milhões de toneladas, seja atingida em 2017. Até 2020, Castellari diz acreditar que o Minas-Rio possa produzir 29 milhões de toneladas.
No balanço do meio de ano, o grupo de mineração deve dar estimativas atualizadas de como o custo pode se comportar daqui para frente no Minas-Rio. A desvalorização do real ante o dólar provavelmente vai reduzir esse patamar atual de US$ 60, afirmou Castellari, mas é necessário analisar o quanto a inflação pode ofuscar esse ganho.
Por meio de estudos e do comportamento observado no início de operação do projeto, a Anglo American decidiu atualizar o total de reservas minerais recuperáveis, do 1,45 bilhão de toneladas calculado anteriormente para 2,8 bilhões. A mudança nas previsões foi divulgada durante a entrevista coletiva realizada na cidade de Lagoa Santa, situada a cerca de 35 quilômetros de Belo Horizonte.
Fonte: Valor Econômico
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