Enquanto luta para viabilizar o projeto Minas-Rio, a Anglo American busca compradores para sua mina de minério de ferro no Amapá, no norte do país, ativo considerado pequeno para os padrões globais da companhia. Segundo apurou o Valor, a mineradora prepara para breve o "data room" para receber interessados no negócio, avaliado entre US$ 400 milhoes e US$ 600 milhões por fontes do setor de mineração. Procurada, a Anglo American confirmou que não tem interesse em manter esse ativo no seu portfólio no longo prazo.
Segundo interlocutores próximos da multinacional, a decisão de se desfazer do negócio é porque mira minas de classe mundial. A mina do Amapá, além de ter custo elevado de produção, não tem essa classificação. Por outro lado, o cenário de volatilidade para commodities tem levado as grandes mineradoras a cortar custos, como é o caso da Anglo, e a vender ativos para engordar o caixa encolhido pela queda do preço do minério.
O sistema Amapá foi comprado de Eike Batista, do grupo EBX, na mesma época em que o empresário vendeu para o grupo sul-africano o sistema Minas-Rio, com jazidas em Minas Gerais e porto no litoral fluminense. Na ocasião, a Anglo adquiriu 70% do projeto no Amapá, tendo como sócia minoritária a americana Cliffs Natural Resources, maior produtora de minério de ferro nos Estados Unidos. De acordo com fontes, a mineradora americana não tem mostrado interesse em comprar a parte da sócia.
Com recursos geológicos estimados em 200 milhões de toneladas, o que indica 15 anos de operação, o empreendimento do Amapá dispõe de mina e unidade de beneficiamento em Pedra Branca do Amapari e ferrovia de 200 quilômetros herdada da Icomi, que leva o minério até o porto de Santana, às margens do rio Amazonas. Dali, é exportado para o reino do Bahrein.
Segundo informações do site da Anglo American, a sul-africana já investiu R$ 1,5 bilhão no Amapá.
Em 2007, teve início a produção de minério de ferro na região e tem avançado. Em 2011, a mina produziu 4,8 milhões de toneladas de minério fino ante 4 milhões de toneladas em 2010 e 2,7 milhões de toneladas em 2009. No primeiro semestre de 2012, chegou a 3,3 milhões de toneladas de minério de ferro, ante 2,7 milhões de toneladas no mesmo período de 2011. A meta da multinacional é fechar o ano com 5,7 milhões de toneladas de minério de ferro, alcançando a plena capacidade anual da mina, de 6,1 milhões de toneladas, em 2013.
Em contrapartida, o projeto Minas-Rio teve seu primeiro embarque de minério adiado pela quarta vez para 2014, quando é previsto entrar em operação.
No momento, porém, a Anglo American vem tendo sucesso em derrubar as travas ambientais que cercam o projeto. Das três liminares concedidas pelos ministérios Público Federal e Estadual - suspensão das obras da unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro e Dom Joaquim, veto ao Copam - órgão estadual de meio ambiente - de votar a delimitação de caverna e suspensão da licença de instalação da linha de transmissão 230 KV, duas já foram revogadas.
O Minas-Rio é o principal projeto de classe mundial da Anglo em fase de obras, com capacidade de 26,5 milhões de toneladas de minério na primeira fase.
Fonte: Valor / Vera Saavedra Durão
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