A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pretende começar a mapear nos próximos meses o interesse de investidores na atividade de estocagem de gás natural, disse ontem o diretor do órgão regulador, José Gutman. O objetivo é criar rodadas de licitação para concessão de campos maduros com potencial para armazenar gás.
Empresas como Stogas, controlada pela Sotreq (revendedora Caterpillar no Brasil), e o grupo franco-belga Engie (ex- GDF Suez) já avaliam oportunidades no Brasil em estocagem, atividade inexistente no país, mas desenvolvida em mercados como a União Europeia, onde um volume equivalente a 25% do consumo é armazenado.
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Gutman contou que a ANP trabalha neste momento na avaliação de áreas com potencial para serem oferecidas. A ideia é que no segundo semestre uma lista de reservatórios com capacidade para armazenamento seja apresentada ao mercado, para manifestação de interesse entre os agentes do setor. Paralelamente, a agência prevê apresentar também uma proposta de resolução que definirá os procedimentos licitatórios do negócio.
"A ANP está avaliando possíveis áreas para atividades de armazenamento. São campos devolvidos à União ou em processo de devolução. Estamos estudando quais reservatórios estarão aptos para serem colocados para futura estocagem. Tem que estar perto de alguma infraestrutura de transporte para escoar o gás. As bacias maduras terrestres têm potencial grande", disse o diretor da ANP.
Segundo Gutman, o modelo de licitação está em fase de elaboração, mas a ideia é replicar as regras de leilão de gasodutos de transporte. |A ANP lançaria, num primeiro momento, uma chamada pública para que os clientes potenciais contratem a capacidade de armazenamento. Em seguida, com a demanda assegurada, a área de estocagem seria licitada para empresas com interesse em atuar na armazenagem, em troca de remuneração pela prestação do serviço, com tarifas reguladas pela ANP.
Bruno Moraes, presidente da Stogas, explica que os clientes potenciais são empresas interessadas no consumo ou fornecimento flexível de gás, como produtores independentes que querem fechar contratos de fornecimento com distribuidoras, mas não têm produção constante; ou distribuidoras e consumidores, como indústrias e termelétricas, interessadas na compra de gás não firme.
A Stogas tenta viabilizar, na Bahia, um projeto-piloto de estocagem subterrânea de gás, na área de Santana, campo maduro na Bacia do Recôncavo adquirido da petroleira W.Washington , em 2011. A expectativa é fechar este ano um contrato para viabilizar, com recursos próprios, projeto de US$ 100 milhões, com capacidade para armazenar inicialmente 60 milhões de metros cúbicos.
Fonte: Valor Economico/André Ramalho | Do Rio