O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, sugeriu nesta segunda-feira (25) que sejam liberados ao menos R$ 71,15 bilhões para parte das linhas do próximo Plano Safra (veja abaixo). Além disso, pediu ao governo federal previsibilidade na oferta de crédito e juros compatíveis com a realidade do país.
Os recursos, segundo ele, são essenciais para solucionar problemas como maquinário obsoleto, deficit de armazenagem de grãos, riscos de um caos logístico e a baixa utilização de tecnologia de irrigação no campo.
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A Abimaq representa em torno de 750 indústrias cadastradas em câmaras setoriais ligadas ao agro que, juntas, acumulam um faturamento de R$ 100 bilhões, segundo Marchesan.
"Senhor ministro da Agricultura, precisamos de um Plano Safra compatível que considere que 50% das máquinas no campo têm mais de 15 anos de idade. Este parque precisa ser modernizado", alertou o dirigente.
O pedido foi feito diante não só do chefe da pasta, Marcos Montes, como também do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a cerimônia de abertura da 27ª Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do país que acontece em Ribeirão Preto (SP).
Após a fala, os representantes do governo federal não deram previsões sobre o Plano Safra para 2022.
Na atual edição da Agrishow, o Plano Safra não é uma opção de financiamento para compra de equipamentos para produtores rurais, que têm à disposição linhas próprias oferecidas por bancos parceiros da feira. Além de o novo programa não ter sido anunciado, o atual está com recursos travados.
Plano Safra
Durante o discurso, o presidente da Abimaq solicitou ao governo federal ao menos R$ 71,15 bilhões para linhas do Plano Safra 2022, principalmente para modernização de tratores e colheitadeiras (Moderfrota), com R$ 32 bilhões, além de aportes para máquinas para a agricultura familiar (Pronaf) e recursos para construção e ampliação de armazéns (PCA).
Ele também mencionou recursos para inovações tecnológicas em propriedades rurais, pelo Inovagro, para expansão da produtividade e ações voltadas à recuperação do solo e defesa animal (Moderagro), além do Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido (Proirriga).
Veja os valores sugeridos para os programas:
Moderfrota: R$ 32 bilhões
Pronaf Mais Alimentos: R$ 11 bilhões
Inovagro e Moderagro: R$ 8,15 bilhões
PCA: R$ 15 bilhões
Proirriga: R$ 5 bilhões
Segundo ele, a necessária modernização da agricultura brasileira, bem como o aumento de produtividade das lavouras e da competitividade do agronegócio brasileiro, passa pelos créditos que serão liberados pelo governo este ano.
"Nossa sugestões para linha de financiamento incluem a previsibilidade e estabilidade na oferta de crédito, volume de recursos adequados a juros compatíveis com a atividade econômica", acrescentou.
Deficit de armazenagem e 'caos logístico'
Além de mencionar a necessidade de atualização das máquinas agrícolas, Marchesan citou a importância de investimentos para combater, "de forma consistente", o deficit de armazenagem de grãos no país.
"Nossas sugestões pedem um aporte de recurso de R$ 15 bilhões de forma a evitar a ampliação do deficit de armazenagem no Brasil. A positiva indicação de um novo recorde de safra no país demonstra que o Brasil consegue responder a contento a demanda mundial por alimentos, mas, por outro lado, pressiona ainda mais o deficit de armazenagem de grãos no país, que estão próximo de 100 milhões de toneladas, beirando o caos logístico."
Ainda dentro dos investimentos considerados necessários, o presidente da Abimaq também alertou que o Brasil está atrás de China e Estados Unidos ao ter menos de 15% da área total cultivada com tecnologias de irrigação, em meio a uma demanda mundial por alimentos como o trigo.
"Sabemos, ainda hoje, o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de grãos, mas ao mesmo tempo temos insegurança alimentar que nos ameaça. (...) O Brasil precisa continuar crescendo, aumentar sua capacidade de produção de trigo, com irrigação."
Com os investimentos certos, segundo ele, o país pode chegar a produzir 22 milhões de toneladas desse produto.
"Temos muita oportunidade para crescer em aumento de produtividade e produção. Por isso necessitamos de investimentos para continuar produzindo e alimentando o povo brasileiro e gerando divisas para o país. Precisamos voltar a administrar a abundância, não a escassez."
Fonte: G1