Após uma terça-feira de recuperação na Ásia, as Bolsas do continente fecharam em queda generalizada nesta quarta-feira, 11, mantendo o padrão de volatilidade das últimas semanas, enquanto investidores acompanham os desdobramentos da epidemia de coronavírus e possíveis medidas de estímulos por governos e bancos centrais
Os mercados têm tido dias caóticos nesta semana. Na segunda-feira, 9, houve pânico generalizado nos mercados mundiais por dois motivos: coronavírus e "guerra de preços" do petróleo, travada entre Arábia Saudita e Rússia. Para se ter uma ideia, a queda nos preços da commodity, que aconteceu na segunda, foi a maior em quase 30 anos. A última variação negativa expressiva semelhante havia acontecido em 1991, época da Guerra do Golfo. Com tombos gigantescos, mercados europeus, asiáticos e americanos fecharam em fortes quedas na segunda.
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Já na terça-feira, 10, as Bolsas da Ásia e de todo o mundo tiveram um dia de recuperação. Porém, nesta quarta-feira, 11, novamente, os mercados asiáticos sofreram queda generalizada em seus índices. Além disso, os preços do petróleo, que também se recuperaram na terça, voltaram a cair nesta quarta, após anúncio de que a estatal da Arábia Saudita Aramco, produtora de petróleo, vai aumentar a produção de barris, de 12 milhões/dia para 13 milhões/dia.
Em meio a todo este cenário, os investidores acompanham os desdobramentos da epidemia do covid-19 e possíveis medidas de estímulos por governos e bancos centrais. A Itália, por exemplo, anunciou na terça que os pagamentos de hipotecas estão suspensos, para aliviar a pressão nas famílias. Além disso, na segunda, o diretor do Conselho Econômico dos EUA, Larry Kudlow, disse que equipe a econômica ainda está trabalhando nos detalhes de novas medidas de estímulo fiscal destinadas a amenizar o impacto do coronavírus.Ele ressaltou que o presidente Donald Trump gostaria que as folhas de pagamento dos trabalhadores ficassem isentas de impostos até o fim de 2020.
Quando a maioria das Bolsas asiáticas já havia encerrado os negócios, o Banco da Inglaterra (BoE, pela sigla em inglês) anunciou um inesperado corte de 0,50 ponto porcentual em sua taxa básica, a 0,25%, também para lidar com os efeitos do coronavírus.
Índices
O índice acionário japonês Nikkei caiu 2,27% em Tóquio, a 19.416,06 pontos, atingindo o menor nível em 14 meses, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 2,78% em Seul, a 1.908,27 pontos, no menor patamar em quatro anos, o Hang Seng cedeu 0,63% em Hong Kong, a 25.231,61 pontos, e o Taiex registrou queda de 1% em Taiwan, a 10.893,75 pontos. Na China continental, o Xangai Composto caiu 0,94%, a 2.968,52 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composite recuou 1,48%, a 1.859,40 pontos.
Na Oceania, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, anunciou um pacote adicional de 2,4 bilhões de dólares australianos (US$ 1,56 bilhão) para gastos com saúde, em meio à disseminação do coronavírus. Apesar do pacote australiano, o índice ASX/200 caiu 3,6% em Sydney, a 5.725,90 pontos, entrando em "bear market", ao acumular perdas superiores a 20% em relação a seu pico mais recente.
Para o petróleo, às 6h32, horário de Brasília, na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para abril recuava 2,42%, a US$ 33,89 o barril, enquanto na Intercontinental Exchange (ICE) o petróleo Brent para maio caía 2,71%, a US$ 36,21 o barril.
Mercado europeu
As Bolsas da Europa operam em alta significativa nos primeiros momentos de negociação do pregão desta quarta-feira, após o Banco da Inglaterra (BoE) anunciar um corte inesperado de seu juro básico, em reação à epidemia de coronavírus, e com investidores à espera de mais medidas de estímulos de bancos centrais e de governos para amenizar o impacto econômico da doença. Às 5h22, de Brasília, a Bolsa de Londres subia 1,51%, a de Frankfurt avançava 1,74% e a de Paris se valorizava 1,83%. Já em Milão, Madri e Lisboa, os ganhos eram de 2,24%, 2,13% e 1,96%, respectivamente. /
Fonte: Estadão