Depois de um primeiro trimestres mais fraco, o Instituto Aço Brasil fez uma revisão das projeções para este ano. O consumo aparente de aço no país deve aumentar 4,6% em 2019, chegando a 22 milhões de toneladas. A expectativa é menor que a feita no início do ano, quando o consumo aparente poderia crescer 6,2% e chegando a 22,37 milhões de toneladas.
"A revisão dos dados foi muito em função do desempenho da economia no primeiro trimestre. No primeiro trimestre, a prioridade absoluta era a reforma da Previdência e não foi aprovada no tempo que esperávamos e é evidente que impacta a economia", disse o presidente do Aço Brasil, Marco Polo Mello Lopes.
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As vendas internas devem crescer 4,1%, para 19,5 milhões de toneladas. A estimativa anterior era de aumento de 5,8%, chegando a 19,8 milhões de toneladas. Segundo o Aço Brasil, a produção de aço bruto deve alcançar 36 milhões de toneladas, alta de 2,2%. Anteriormente, a previsão era um crescimento de 2,7%.
Já as importações devem apresentar evolução de 8,7%, atingindo 2,61 milhões de toneladas. As exportações também devem apresentar uma redução de 6,1%, atingindo 13,1 milhões de toneladas. Anteriormente, a entidade previa uma alta de 0,3%, com as vendas externas totalizando 13,98 milhões de toneladas. "Se a reforma for aprovada, mas não aquela para inglês ver (não pode ser desidratada), tenho convicção de que os números serão alterados para cima. Tem muita coisa parada no país."
Segundo Lopes, o que prejudicou o desempenho do primeiro trimestre deste ano foi a questão política, com a não aprovação da reforma da Previdência. Com isso, o consumo aparente de aço no período caiu 1,4% no comparativo com janeiro a março do ano passado, passando de 5,0 milhões de toneladas para 4,9 milhões de toneladas. As vendas internas também recuaram nos primeiros três meses de 2019, para 4,41 milhões, queda de 0,1%.
"Os resultados no primeiro trimestre vieram muito aquém do que esperávamos. A avaliação é de que a expectativa de que a reforma da Previdência seria aprovada no início deste ano se frustrou. A reforma é o divisor de águas", diz.
A produção de aço bruto também caiu no primeiro trimestre deste ano. O recuo foi de 2,8%, chegando a 8,39 milhões de toneladas. Já as importações aumentaram 4,1% no período, passando de 588 mil toneladas para 612 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano. As exportações gerais alcançaram 3,69 milhões de toneladas, alta 3,2%.
Mello Lopes disse ainda que a situação das siderúrgicas brasileiras poderia ter sido pior no primeiro trimestre, se algumas usinas não tivessem operando em nível baixo. Isso porque, com o desastre de Brumadinho (MG), a Vale parou o fornecimento de pelotas que eram fabricadas em Minas Gerias. "Aconteceu uma coincidência que a CSN e a Gerdau vão parar parte da produção para manutenção. Isso beneficiou as outras empresas. Aliado a isso, se não tivéssemos criado um esquema logístico para trazer pelotas do Maranhão, certamente já teria alto-forno parado."
Segundo ele, nos próximos dias uma certificadora do Exército americano deve começar o trabalho para conceder os atestados de estabilidade das barragens das minas que não estão operando.
Fonte: Valor