As siderúrgicas no Brasil acirram a cada dia, com novos investimentos, a competição pelo mercado tido como o "premium", o de uso de aço na fabricação de automóveis e bens de linha branca. O grupo ArcelorMittal acaba de aprovar nova linha de aço galvanizado na sua unidade de São Francisco do Sul (SC), ao mesmo tempo em que a Usiminas, em parceria com a Nippon Steel, faz a inauguração de uma linha com capacidade igual em Ipatinga (MG).
O investimento da ArcelorMittal Tubarão, controlada de aços planos do grupo ArcelorMittal no país, situada na Grande Vitória (ES), será de US$ 300 milhões. A nova linha terá capacidade de 550 mil toneladas de aço galvanizado (material revestido com ligas de zinco contra ferrugem) e de 100 mil toneladas de laminado a frio.
O objetivo, explicou Benjamin Batista, CEO da empresa, é atender a demanda em alta na indústria automotiva. Ele mencionou, além dos programas de expansão das atuais fábricas de veículos no país, a chegada de montadoras asiáticas, como Toyota, Hyundai e Chery, todas no Estado de São Paulo. No início do ano passado, no mesmo site, a empresa tinha inaugurado sua segunda linha, de 400 mil toneladas, mas a expansão do mercado se mostrou tão firme que atraiu aço importado.
Depois de dois anos de obras, a nova linha ficará pronta no fim de 2013. "Como já temos a aprovação, até o fim do ano vamos fechar a compra de equipamentos e a contratação de construtoras as obras civis e a montagem." Com essa expansão, a unidade, chamada de Vega do Sul, ficará com capacidade de 2 milhões de toneladas: 75% de material galvanizado e 25% de laminado a frio. Os mercados alvo da empresa serão o automotivo, o de linha branca e construção civil.
O suprimento de material para fazer os dois tipos de aço nessa unidade será feito pela usina em Serra (ES), onde o laminador de bobinas a quente foi ampliado em 2010 para 4 milhões de toneladas ao ano. Investimento em um novo laminador teve a decisão adiada deste ano para 2012. "Vamos ver como ficará o mercado até lá".
A disputa no segmento de aço galvanizado, usado na carroceria de automóveis, geladeiras, freezer e máquinas de lavar, ocorre entre Usiminas, CSN e ArcelorMittal, além das importações. O material importado entrou agressivamente no ano passado, assustando as usinas: atingiram 780 mil toneladas, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr). As vendas internas somaram 2,25 milhões de toneladas, indicando um consumo nacional de 3 milhões de toneladas.
Com as instalações atuais e esse novo investimento, as três usinas vão ficar com capacidade instalada próxima de 4,5 milhões de toneladas. Um grande desafio é tomar de volta o mercado abocanhado pelo aço estrangeiro.
Batista informou também que está aprovada, para março de 2012, a parada do alto-forno 1 de Tubarão, o maior da usina, para reforma das instalações que vai durar 90 dias. A produção do equipamento começa a ser reduzida gradativamente a partir de outubro. A obra vai custar US$ 180 milhões.
A reforma será a primeira desse alto-forno, que entrou em operação em 1983 e responde por quase metade da capacidade instalada total, de 7,5 milhões de toneladas. Ele tem a vida mais longa em uma usina de aço no mundo. Coração de uma siderúrgica, em geral são reformados após 15 anos de entrada em funcionamento.
Por conta disso, a empresa vai religar, também aos poucos, seu alto-forno 2, parado por conta da crise de 2008/2009. Sua capacidade é de 1,3 milhão de toneladas de placas por ano. Segundo Batista, como essa unidade é dedicada à exportação, com o atual custo do minério de ferro (no caso, pelotas) não se justificou até agora religá-lo. "Hoje, ganha-se dinheiro com ele parado", disse. O preço pago pela placa, valor FOB, no mercado mundial, está em torno de US$ 650 a tonelada.
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo
PUBLICIDADE