O governo da Bahia publicou nesta quarta-feira (18) o aviso de licitação para construção e operação da controversa e bilionária ponte entre Salvador a Ilha de Itaparica, cruzando a baía de Todos-os-Santos.
Orçada em R$ 5,34 bilhões, a ponte será erguida por meio de uma parceria público-privada, na modalidade concessão patrocinada, na qual o governo a Bahia fará um aporte de R$ 1,51 bilhão. O restante do investimento será feito pela iniciativa privada, que vai explorar comercialmente a ponte ao longo de 35 anos.
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Quando concluída, será a segunda maior ponte do Brasil —atrás apenas da Rio- Niterói— com 12,4 quilômetros de extensão e um vão central de 85 metros de altura e 400 metros de largura.
O governador Rui Costa (PT) estima que o leilão será realizado até novembro deste ano na Bolsa de Valores de São Paulo, com a expectativa da participação de empresas e consórcios nacionais e internacionais.
Detalhes técnicos do projeto foram apresentados em julho deste ano com a presença de empresas como a francesa Vinci, a espanhola Acciona, a italiana Salini Impregilo e grupos chineses CCCC, Concremat e CREC. Também participaram brasileiras OAS e Hydros Engenharia.
Caso alguma empresa arremate o obra da ponte, esta será uma das maiores construções em execução no país na próxima década. A estimativa é que construção dure entre cinco e seis anos.
Secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, o vice-governador João Leão (PP) defende a viabilidade econômica e financeira da obra mesmo em um cenário de crise.
Ele afirma que a ponte e obras complementares, que incluem duplicação de uma rodovia estadual, atuarão como um vetor de desenvolvimento para a região do recôncavo e sul da Bahia, ao aproximá-las da capital –a distância entre Salvador e Ilhéus, por exemplo, cairá de 452 para 309 quilômetros.
“Vamos ocupar uma região que está totalmente abandonada, onde praticamente não existe investimento público”, afirma Leão, que afirma que a ponte terá um impacto econômico semelhante ao do Polo Petroquímico de Camaçari, instalado na Bahia nos anos 1970.
A equação financeira para obra, contudo, tem sido alvo de críticas, sobretudo por prever repasses de R$ 1,5 bilhão do governo no quarto e quinto ano da obra, além de contraprestações nos 35 anos seguintes.
“Isto é pura maldade com o próximo governador, seja ele quem for, que encontrará seu orçamento de investimentos comprometido com uma única obra”, afirmou em artigo o ex-senador Waldeck Ornelas.
Outro ponto criticado é o valor estimado de pedágio para quem atravessar a ponte. O governo da Bahia estima que o pedágio custará entre R$ 22 e R$ 110, sendo R$ 44 para veículos de passeio em dias de semana —valor dez vezes maior do que o cobrado na ponte Rio-Niterói, que é R$ 4,30.
Para o vice-governador João Leão, o valor é semelhante ao que se paga para atravessar um carro no atual sistema de ferryboat –R$ 45,70 para veículos de passeio– ou o gasto de combustível que o motorista teria para contornar a baía de Todos-os Santos.
Para estimular o movimento pendular entre Salvador e a Ilha de Itaparica, o edital prevê que os motoristas que atravessem a ponte e retornem em menos de 24 horas paguem o pedágio apenas uma vez.
Também há preocupação sobre a pressão imobiliária que obra causará na bucólica Ilha de Itaparica, além do aumento do fluxo de automóveis na região do centro de Salvador. Para evitar esta pressão, diz o governo, o projeto prevê um plano diretor intermunicipal para ordenar novas construções.
A decisão de construir a ponte entre Salvador e Itaparica foi tomada há dez anos, em 2009, pelo então governador Jaques Wagner (PT). Desde então, o governo da Bahia já gastou mais de R$ 86 milhões em estudos e projetos para construção do equipamento.
Fonte: Folha SP