A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 3,284 bilhões (R% 13,65 bilhões) em agosto, melhor saldo para o mês desde 2017, informou o Ministério da Economia nesta segunda-feira (2). O resultado se deve ao declínio das importações registradas no último mês.
O dado veio em linha com expectativa de um saldo positivo de US$ 3,2 bilhões (R$ 13,3 bilhões), conforme pesquisa Reuters com analistas.
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Em agosto, as exportações tiveram um recuo de 8,5% sobre igual mês do ano passado, pela média diária, a US$ 18,853 bilhões (R$ 78,31 bilhões).
Já as importações tiveram uma retração maior, de 13,3% na mesma base de comparação, a US$ 15,569 bilhões (R$ 64,72 bilhões).
“Essa redução é influenciada por base de comparação alta”, afirmou o subsecretário de Inteligência Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Ele lembrou que, em agosto de 2018, houve operação de exportação de plataforma de petróleo no valor de US$ 1,3 bilhão (R$ 5,4 bilhões) e uma operação de importação do mesmo tipo de US$ 2 bilhões (R$ 8,3 bilhões).
Desconsideradas essas transações, a queda nas exportações em agosto deste ano sobre um ano antes teria sido de 2,7% e nas importações, de 2,6%.
“Ainda uma redução na casa de 2%”, pontuou Brandão. Em relação às exportações, ele atribuiu a performance no vermelho à redução nos embarques de soja, commodity que apresenta preços menores este ano, além de volume exportado menor, diante de menor demanda mundial pelo grão em função de problema sanitário no rebanho suíno chinês.
O subsecretário também lembrou que as vendas de automóveis caíram, afetadas pela crise na Argentina. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a balança comercial ficou positiva em US$ 31,759 bilhões (R$ 132,038 bilhões), retração de 12,9% sobre igual período do ano passado, também pelo critério da média diária.
De janeiro a agosto, as exportações exibiram um recuo de 5,2%, ao passo que as importações caíram 2,8%.
Os números contrastam com expectativas traçadas pelo governo no início do ano, quando previa menor superávit comercial por conta de um crescimento maior das importações que das exportações, com a esperada recuperação econômica puxando o apetite por importados.
De lá para cá, as perspectivas para a atividade foram se deteriorando, enquanto o mundo deu mostras de desaceleração, afetado pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
“Você tem cenário externo desafiador com desaquecimento da demanda mundial. O que esperamos é que o Brasil continue competitivo e que isso seja passageiro”, afirmou Brandão.
Questionado se o desgaste da imagem do país no exterior como resultado das queimadas na região amazônica já teria tido algum reflexo nas trocas comerciais, ele disse que ainda é cedo para qualquer análise desta natureza.
“A gente fechou dado hoje da balança. Qualquer eventual barreira não afeta imediatamente o comércio, talvez nos próximos meses eu possa fazer uma análise mais apurada disso”, comentou. Para o resultado consolidado do ano, a expectativa de analistas ouvidos pelo Banco Central na mais recente pesquisa Focus é de um saldo positivo de US$ 52,35 bilhões (R$ 217,6 bilhões) nas trocas comerciais, abaixo do superávit de US$ 58,03 bilhões (R$ 241,25 bilhões) de 2018.
A estimativa do Ministério da Economia é de um superávit da balança comercial de US$ 56,7 bilhões (R$ 235,7 bilhões) neste ano. A projeção foi divulgada em julho e deverá ser revista no mês que vem.
DESTAQUES
Em agosto, as exportações foram afetadas pelo desempenho dos produtos manufaturados, cujas vendas caíram 25,8% sobre igual mês do ano passado.
De acordo com o Ministério da Economia, houve diminuição principalmente nas exportações de automóveis de passageiros (-47,7%, a US$ 253 milhões), aviões (-23,6%, a US$ 180 milhões) e motores para veículos e partes (-23,7%, a US$ 166 milhões).
Em contrapartida, as exportações de semimanufaturados e de básicos subiram 14,4% e 2,5%, respectivamente, em agosto sobre um ano antes.
Já na ponta das importações, os resultados vieram negativos de maneira geral, com queda em agosto nas compras de bens de capital (-35%), combustíveis e lubrificantes (-34%), bens de consumo (-7%) e bens intermediários (-2%).
Em relação aos bens de capital, a retração foi puxada por menores importações de plataformas de perfuração/exploração.
ETANOL
Após o governo brasileiro ter elevado no fim de semana cota de importação de etanol sem tarifa, medida que beneficia fundamentalmente os Estados Unidos, Brandão afirmou que a equipe técnica não vê esse aumento como determinante para o crescimento da importação do produto.
“Hoje a demanda brasileira por etanol é muito superior à cota, importamos 1,7 bilhão de litros. Cota aumentou em 150 milhões de litros, para 750 milhões”, disse.
A cota anterior, que venceu na última sexta-feira, era de 600 milhões de litros de etanol por ano. Atualmente, o imposto de importação para o etanol é de 20%, mas a tarifa só é cobrada se o país ultrapassar o volume isento. Dentro do limite, a tarifa é zero para qualquer país.
De acordo com dados de 2018, 99,7% das importações brasileiras de etanol vêm dos Estados Unidos. A nova cota já está em vigor, com validade de 12 meses.
Fonte: Folha SP