O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, terá a missão de arrumar o balanço da companhia, se acertar com os órgãos reguladores, nos Estados Unidos, e concluir a revisão do programa de investimentos para adequa-lo ao fluxo de caixa. Fontes oficiais garantem que a Petrobras tem recursos para atravessar este ano sem recorrer ao mercado.
O governo não cogita mexer no regime de partilha para a exploração do pré-sal, mas já admite que poderá "aperfeiçoar" a política de exigência de conteúdo nacional nas encomendas da empresa, na direção de uma flexibilização.
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Mas a primeira tarefa de Bendine, que deixou a presidência do Banco do Brasil para assumir a Petrobras, será "colocar a questão da corrupção no balanço da Petrobras". O cálculo das auditorias independentes, que chegaram a de R$ 88,6 bilhões em sobrevalorização de ativos, foi muito criticado no governo. Na visão do governo, Bendine tem grande experiência no trato de balanço "e sabe o que é possível e o que não é".
A escolha de Dilma Rousseff, porém, não agradou o mercado nem tranquilizou o PT. "O Bendine é a Graça Foster de terno", reagiu um parlamentar do PT. "Ele vai fazer na empresa o que a Dilma mandar", completou. O mercado também não viu na indicação o "choque de credibilidade" que a companhia precisa.
Ser um homem da confiança da presidente foi o que levou Bendine ao comando da Petrobras. À frente do BB, ele tocou projetos típicos de governo, atendendo a ordens diretas de Dilma. Por orientação do Palácio, o Banco do Brasil ampliou a sua atuação no financiamento de infraestrutura. Quando, por exemplo, a presidente estava preocupada com a possibilidade de a burocracia emperrar a construção de 270 aeroportos regionais, telefonou diretamente para Bendine para pedir que a gestão dos processo fosse pilotada pelo banco.
Segundo fontes qualificadas, o governo acompanhará as reações do mercado à escolha de Bendine e, conforme o grau de insatisfação, poderá colocar um nome forte para presidir o Conselho de Administração da Petrobras. Nesse caso, não seria de todo improvável o Lula emplacar o ex-presidente do BC Henrique Meirelles. Há a intenção, também, de aproximar o conselho das decisões do dia a dia da companhia.
Fonte: Valor Econômico/Claudia Safatle, Ribamar Oliveira e Alex Ribeiro | De Brasília