Mineradora anglo-australiana quer oferecer um sistema mais transparente que os fornecidos pelos provedores de índices
PARIS - A mineradora anglo-australiana BHP Billiton planeja criar uma nova e mais transparente plataforma para precificação do minério de ferro até o fim do ano ou o início do próximo ano, chamado Minério Global, afirmou o executivo-chefe da divisão de ferrosos e carvão da companhia, Marcus Randolph, em audiência na World Steel Association, em Paris, nesta última sexta-feira, 14.
O executivo disse que estava trabalhando com membros da associação na audiência para desenvolver um sistema de precificação que permitiria que os preços do minério de ferro fossem cotados numa tela em ordem para oferecer aos participantes do mercado um preço mais transparente que os fornecidos pelos provedores de índices, como o Platts.
"Nós precisamos disso para ter um mercado de derivativos viável", declarou o executivo.
"À medida que você tenta criar um mercado financeiro, um mercado de derivativos, você precisa ter realmente 100% de verificação do que é o preço exatamente agora...(o Minério Global) "não é baseado em um preço reportado, ele é visível às pessoas" na tela em tempo real", afirmou Randolph.
O sistema Minério Global será modelado em cima do Carvão Global, outra plataforma de negociação que a BHP ajudou a estabelecer, onde os consumidores e produtores oferecem preços em um site para comprar e vender carvão térmico.
O sistema permite que os consumidores e produtores possuam a própria plataforma de negociação. As instituições financeiras também poderão participar, disse Randolph disse, mas ele não deixou claro se essa participação ocorreria como usuário, proprietário ou ambos.
A plataforma Minério Global permitirá inicialmente que consumidores e produtores negociem minério de ferro fino.
O mercado de derivativos cresceu desde que as maiores mineradoras do mundo - Vale, BHP e Rio Tinto -, abandonaram o sistema de referência anuais de preços em 2009 para adotar contratos de preços mais curtos.
A BHP vende mais de 50% de seu minério de ferro em bases mensais e uma proporção mais alta de carvão de coque em bases mensais, disse o executivo. Somente 15% das vendas mundiais de minério de ferro e 4% das de carvão coque são feitas por contratos de preços mais longos que um trimestre, acrescentou.
"A intenção de um preço mensal não é a de negociar. É a de fixar atualmente um preço onde o mercado está", destacou Randolph. "Nós não estamos onde nós temos um mercado transparente, mas nós certamente estamos em um onde temos uma volatilidade baixa de mercado."
Segundo ele, a China está desejando se engajar em negociações de preços de curto prazo mais do que o Japão que tem uma proporção mais alta de demanda de aço por montadoras que preferem contratos anuais.
O vice-presidente e diretor comercial da ArcelorMittal, Simon Wandke, concorda com Randolph de que há potencial para um mercado de derivativos de minério de ferro mais transparente e com mais liquidez, mas ele não está certo se as siderúrgicas adotarão tais instrumentos, dado o nível baixo de liquidez e também a probabilidade que tais instrumentos financeiros poderão somente cobrir uma parte da ampla variedade de teores e tipos de produtos no mercado do minério de ferro.
Fonte: Clarissa Mangueira, da Agência Estado/Dow Jones
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