Balanço será apresentado a Lula em reunião na sede do banco, no Rio; reforço de caixa também será Discutido
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir hoje, no Rio, com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para uma avaliação da política industrial adotada no País em 2008, a chamada Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Em reunião a portas fechadas, assessores de Coutinho e diretores do banco apresentarão a Lula um balanço do que avançou e do que não funcionou.
Uma das principais metas da PDP para 2010, a taxa de investimento fixo da economia deverá ser também a maior frustração do balanço. Há dois anos, o governo projetou como meta alcançar investimento de 21% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. No entanto, a crise econômica levou ao adiamento dos investimentos, principalmente na indústria, atrapalhando os planos.
Mesmo com todas as medidas anticíclicas e a criação de linhas de financiamento mais atrativas para a aquisição de bens de capital, a taxa fechou 2009 em 16,7% do PIB. Uma projeção da área de pesquisa econômica do BNDES indica que a meta da PDP só será superada em 2012. O banco estima que a taxa de investimento ficará em torno de 20% em 2011 e chegará a 21,2% no ano seguinte.
A fixação da meta na PDP vinha de uma preocupação do governo de promover o crescimento sustentado, com aumento do investimento à frente da expansão do PIB.
Entre as outras metas da PDP que serão avaliadas pelo presidente, estão a elevação do investimento das empresas privadas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), a ampliação da participação brasileira nas exportações mundiais e a dinamização das micro e pequenas empresas como exportadoras.
Participarão da reunião no BNDES o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Prioridade. O recuo do investimento na crise, bem mais brusco do que o que o BNDES havia previsto, é o que tem ocupado mais a agenda de Luciano Coutinho. Como as medidas de expansão do crédito e desoneração fiscal foram mais bem-sucedidas na manutenção da atividade do mercado interno do que os incentivos para a recuperação do investimento, a expansão da capacidade virou ponto-chave para evitar inflação - e a consequente subida dos juros - diante do crescimento acima de 5% do PIB esperado para este ano.
Por isso, Coutinho declarou o investimento como prioridade do BNDES em 2010, depois do esforço anticíclico de 2009. O banco prorrogou até o fim do ano as linhas com juros mais baixos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para a aquisição de máquinas e equipamentos, com acréscimo de 1 ponto porcentual na taxa anual de 4,5%, que vigora até junho. A diferença em relação à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 6% ao ano, será coberta pelo Tesouro Nacional.
Em 2010, pelo segundo ano consecutivo, o BNDES recebeu aporte bilionário do Tesouro: R$ 80 bilhões. Em 2009, diante da crise, recebeu R$ 100 bilhões. O banco não admite, mas o governo dá sinais de que estuda nova capitalização.
Oficialmente, a conversa de hoje é sobre a PDP, mas o presidente e os ministros devem discutir com Coutinho o reforço ao banco, que também arcará com o financiamento de grandes projetos de infraestrutura, como a hidrelétrica de Belo Monte e o trem de alta velocidade que ligará Rio, São Paulo e Campinas.
Outras pendências que envolvem o banco são a criação de um Eximbank para o financiamento de exportações, como subsidiária do BNDES, e o financiamento de grupos nacionais no exterior para a formação de multinacionais brasileiras, um dos temas que mais agradam ao presidente. Só por meio de sua linha de internacionalização, o BNDES já financiou R$ 8 bilhões em aquisições de empresas brasileiras no exterior.
Metas
Investimento
O programa tinha como objetivo ampliar para 21% (R$ 620 bilhões) a taxa de investimento em relação ao PIB, até 2010. Agora, a expectativa do BNDES é chegar ao fim deste ano com 18,6%. A meta inicial só será cumprida em 2012.
P & D
Elevar o gasto privado em Pesquisa e Desenvolvimento para 0,65% do PIB (R$ 18,2 bilhões). Ainda não foram divulgadas novas estimativas para 2010, mas a crise reduziu as inversões.
Exportações
Aumentar a participação do Brasil nas exportações mundiais para 1,25%. (US$ 208,8 bilhões). No ano passado, o Brasil exportou US$ 153 bilhões, 22% a menos do que em 2008.
Pequenas empresas
Aumentar em 10% o número de pequenas empresas exportadoras, estimadas em 12 mil.
Fonte:Alexandre Rodrigues - O Estado de S.Paulo
/ RIO
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