Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atingiram R$ 137,4 bilhões em 2009, alta de 49% em relação ao ano anterior, que fechou em R$ 90,8 bilhões. Os dados foram divulgados na quinta-feira pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que destacou que a quantia foi a maior da história do banco.
Somado aos repasses para operações de giro em bancos nacionais, o valor pode chegar a R$ 139, 7 bilhões. Apesar do recorde, Coutinho está de olho nas parcerias com o setor privado para investimentos no país e disse que o BNDES deve passar de protagonista a parceiro na hora de impulsionar a economia brasileira.
"Queremos motivar e estimular o mercado de capitais a expandir o crédito e buscar parcerias com o setor privado nesse sentido", informou. Segundo o presidente, a expectativa de desembolso para este ano é de R$ 126 bilhões.
Já as aprovações saltaram de R$ 121,4 bilhões em 2008 para R$ 170,2 bilhões no ano passado, aumento de 40%. Consultas e enquadramentos, que sinalizam investimentos a serem realizados no País, totalizaram, respectivamente, R$ 223,9 bilhões e R$ 190,1 bilhões, superando as expectativas divulgadas pelo banco em dezembro.
Com a escassez de crédito provocada pela crise mundial, em 2008, o BNDES assumiu o controle dos investimentos, financiando projetos de longo prazo, em especial na indústria e infra-estrutura. Essa foi, de acordo com o banco, uma das razões do resultado expressivo dos desembolsos, que incluem ainda o papel anticrise desempenhado pelo banco e a adoção de programas e medidas voltados para facilitar o crédito à produção. Liderando os investimentos, a indústria recebeu cerca de R$ 63,5 bilhões em recursos. Destacaram-se os setores químicos e petroquímicos, material de transporte, além do segmento de alimentos e bebidas, segundo Coutinho.
regiões. O mapa de financiamentos sofreu mudanças, liberando mais de R$ 33 bilhões em projetos para as regiões Norte e Nordeste. A taxa de crescimento em relação a 2008 foi de 126% para o Norte e 189% para o Nordeste, o que representou, respectivamente, 8% e 16% do total desembolsado.
No último semestre de 2009, a carteira do Programa de Sustentação de Investimento (PSI) atingiu R$ 37,1 bilhões, segundo Coutinho. O PSI foi criado pelo governo federal para manter os investimentos e reduzir os impactos da crise mundial na economia brasileira. O presidente do BNDES explicou que a crise contribuiu para o aumento da capacidade ociosa de produção da indústria, inibindo o interesse dos investidores. O incentivo dado pelo governo federal (redução do IPI) para a compra de máquinas e equipamentos reverteu a situação, aquecendo a produção brasileira e trazendo de volta os investimentos.
Com base nos dados mais recentes das contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de indicadores de pedidos de liberação da Agência Especial de Financiamento Industrial, o banco estimou que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) vai crescer nos próximos anos, devendo atingir 21% em 2012.
Mais de 80% dos recursos no âmbito do PSI foram contratados. As taxas para aquisição de ônibus e caminhões são de 6% ao ano. Para máquinas e equipamentos, os juros são de 4,5% e os investimentos em inovação são financiados entre 3,5% e 4,5% anuais. Lançado em junho de 2009, o programa será prorrogado até 30 de junho desse ano. Ônibus, caminhões e demais itens de bens de capital corresponderam a R$ 28,1 bilhões do total da carteira do PSI e outros R$ 8,7 bilhões ficaram por conta do financiamento a exportação. Além disso, R$ 300 milhões foram destinados à inovação.
R$ 10 bilhões para subscrição
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende lançar um programa de apoio ao lançamento de debêntures pelas empresas. De acordo com o presidente da instituição, Luciano Coutinho, representantes do banco já conversam com o setor privado sobre a possibilidade. O programa chegará à diretoria do BNDES em duas semanas, afirmou Coutinho. Cerca de R$ 10 bilhões serão destinados ao financiamento das debêntures, limitadas a um quinto do total da emissão de títulos de médio e longo prazo das empresas privadas.
"Vamos entrar com 20%. Com isso, R$ 10 bilhões poderão significar R$ 50 bilhões em emissões de debêntures privadas. Imaginamos, dependendo do desenvolvimento do mercado, que poderíamos consumir esses R$ 10 bilhões em três anos", disse Coutinho.
O executtivo acrescentou ainda que a intenção do BNDES é desenvolver o mercado secundário. De acordo com ele, o Brasil poderia usar os recursos da poupança para emitir debêntures pelo prazo mínimo de cinco anos.
Coutinho também chamou a atenção para a necessidade de trazer liquidez para o mercado secundário, já que a maior parte estaria concentrada no mercado de títulos públicos. O programa terá apoio do Ministério da Fazenda, Banco Central e do setor privado. Além disso, quer ajuda da Anbima, da BM&FBovespa, da Comissão de Valores Mobiliários e de bancos de investimento.
Indagado sobre os impactos de uma possível alta dos juros no programa, o presidente destacou a necessidade de neutralizar as pressões para a subida das taxas e de criar mais capacidade produtiva. (HT)
(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/HALINE TAVARES)
PUBLICIDADE