Depois de se reunir com o Secretário de Comércio dos EUA, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que há preocupação de que possíveis armadilhas no acordo entre Mercosul e União Europeia atrapalhem tratativas comerciais com os americanos.
"Todo mundo está preocupado com algumas armadilhas", disse.
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Segundo o presidente, há um receio de que o acordo do bloco sul-americano com os europeus atrapalhe o Brasil na assinatura de um tratado comercial com os EUA.
Ao comentar o assunto, Bolsonaro disse que o tema foi conversado com o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur L. Ross Júnior, nesta quarta-feira (31).
Apesar de reconhecer que há preocupações, Bolsonaro diz partir do princípio de que não existe armadilha no acordo UE-Mercosul.
O tratado foi assinado no fim de junho deste ano, colocando fim a mais de 20 anos de negociações.
Diante da aproximação entre o governo Bolsonaro e o presidente americano, Donald Trump, o Brasil também tenta firmar parcerias comerciais com o país norte-americano.
Questionado sobre o que poderia atrapalhar as tratativas com os EUA, Bolsonaro não respondeu.
"Nós estamos começando o acordo. Estamos um olhando para o outro ainda. Nós passamos praticamente 15 anos [com] o Mercosul voltado como um instrumento ideológico para fazer a grande América do Sul bolivariana. E estamos desfazendo isso aí", disse.
O presidente disse ainda que outras negociações de comércio estão em curso, citando como exemplo Japão, Coréia do Sul e Bolívia.
Ele elogiou o presidente boliviano, Evo Morales, por não ter participado do Foro de São Paulo.
"O Evo Morales está sinalizando muito bem, não participou do Foro de São Paulo, entregou o [Césare] Battisti, quer comprar um KC-390 nosso. Quer agilizar a questão da aduana lá com Rondônia. O próprio Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, já deu sinal ai que a Venezuela não é um sonho que eles tinham no passado. Está indo bem as coisas, tá ok?"
Bolsonaro disse que o encontro com Ross foi excelente e na linha do diálogo que já havia tido com Trump.
"Estamos nos aproximando", afirmou Bolsonaro, que disse considerar o comércio entre os dois países ainda muito fraco.
Na terça-feira, Wilbur Ross disse que um acordo de livre-comércio entre o Brasil e os Estados Unidos não pode destoar de aliança do Mercosul com europeus.
O secretário disse que nada no acordo com os europeus seja contraditório com um acordo com os EUA e citou como exemplos questões que os norte americanos têm com a União Europeia sobre padrões nos setores automotivo, farmacêutico e alimentício.
Ross alertou também sobre possíveis armadilhas em resolução fechada com a UE. Ainda segundo o secretário, a discussão sobre um livre-comércio com os EUA só vai começar após os países avançarem em outros pontos.
Fonte: Folha SP