A Bovespa marcou sua quarta baixa seguida, reagindo indiretamente ao dado da inflação brasileira em janeiro, que mostrou alta de 0,86%. A reação se deu por meio das ações de empresas exportadoras, que lideraram as perdas do dia, acompanhando a forte desvalorização do dólar perante o real. O Ibovespa fechou em baixa de 0,98%, aos 58.372 pontos, com volume expressivo de R$ 8,061 bilhões.
“O IPCA e as declarações do [presidente do Banco Central, Alexandre] Tombini tiveram um impacto psicológico sobre a cotação do dólar, o que acabou pressionando as exportadoras”, avalia o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. “O fato é que nada mudou na política monetária, por enquanto”, diz o especialista, que acredita que o governo não deixará o dólar ir abaixo de R$ 1,95.
Em entrevista ao Valor PRO, serviço em tempor real do Valor, Tombini reforçou que “a comunicação da última ata do Copom não foi alterada”.
As exportadoras concentraram a lista de maiores baixas do Ibovespa no dia: Suzano Papel PNA (-5,42%), Fibria ON (-3,25%), Vale ON (-2,78%), Vale PNA (-2,70%) e Embraer ON (-1,62%).
Paulo Gala lembra, no entanto, que a Bovespa vem de uma “ressaca” das diversas mudanças anunciadas pelo governo nos últimos meses em setores como o elétrico, o bancário, além da recente redução do dividendo pago às ações ordinárias da Petrobras.
Junta-se a isso o clima negativo nas bolsas internacionais hoje e a grande pressão vendedora dos estrangeiros sobre os contratos de Ibovespa Futuro que vencem na quarta-feira de Cinzas (13).
Pouco antes do fechamento, em Wall Street, o índice Dow Jones recuava 0,34%, o Nasdaq perdia 0,23% e o S&P 500 registrava baixa de 0,33%, com investidores tentando assimilar dados díspares da economia americana, ao mesmo tempo em que reagem ao discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi
Além do recuo do dólar frente ao real, outros fatores pesaram para a queda maior das ações de Fibria e Suzano. O Valor informou hoje que o Ministério do Comércio da China (Mofcom, sigla em inglês) anunciou na quarta-feira a abertura de uma investigação antidumping referente a um tipo específico de celulose que tem como alvo produtores que exportam a matéria-prima ao mercado chinês a partir dos Estados Unidos, Canadá e Brasil. A iniciativa pode acender, mais uma vez, a luz amarela nas relações entre as indústrias de celulose e papel do Brasil e da China.
Destaques corporativos
Na ponta positiva do Ibovespa ficaram as empresas que divulgaram balanços ou prévia de seus resultados, como ALL ON (4,14%), Cosan ON (3,16%) e Natura ON (2,71%). A ALL divulgou um Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 332 milhões no quarto trimestre de 2012, 10,4% maior que no mesmo período de 2011. A Cosan triplicou seu lucro no terceiro trimestre fiscal para R$ 342,3 milhões. O resultado foi quase 50% maior que o esperado.
Já a Natura trouxe queda no lucro 11,5% no quarto trimestre, para R$ 257,3 milhões. Ainda assim, o resultado foi elogiado por analistas, que citaram a ampliação das vendas e o aumento da produtividade da fabricante de cosméticos. Segundo o presidente da empresa, Alessandro Carlucci, a queda no lucro foi provocada por efeitos não recorrentes, “que não estão ligados à gestão operacional da empresa”.
OGX ON (1,88%) também figurou entre os destaques de alta, quebrando uma longa sequência de baixas. O movimento, segundo operadores, foi uma correção técnica. O papel acumula perda de 13,7% no ano.
Petrobras PN chegou a subir no início do pregão, mas terminou com baixa de 0,56%, a R$ 17,50. O papel ON da estatal voltou a recuar com mais força, de 1,76%, para R$ 16,10. O papel ainda sofre os efeitos da decisão da empresa de pagar dividendo menor a essa classe de ação.
Fonte: Valor / Téo Takar
PUBLICIDADE