A BR Distribuidora publicou o prospecto preliminar de oferta pública subsequente (follow-on) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na sexta-feira à noite. A oferta será apenas secundária, com a venda de parte das ações detidas pela Petrobras.
A Petrobras deixará de ser controladora da BR e a expectativa de mercado, conforme as sinalizações da companhia até agora, é que sua fatia possa cair para cerca de 40%. Atualmente, a Petrobras tem 71,25% da BR Distribuidora. O prospecto preliminar ainda não traz informações sobre o volume de ações que serão vendidas na operação.
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Considerando esse percentual estimado pelo mercado, a oferta pode movimentar R$ 9,03 bilhões, levando em conta o atual valor de mercado da empresa, de R$ 28,9 bilhões. Todo esse montante (descontadas as taxas) vai para o caixa da Petrobras. Os coordenadores do follow-on são J.P. Morgan, Citi, Bank of America, Credit Suisse, Itaú BBA e Santander.
Em assembleia extraordinária na sexta-feira de manhã, os acionistas da BR aprovaram a reforma do estatuto social da empresa. A alteração visou adequar as regras estatutárias da empresa à mudança na composição acionária, com a redução da fatia da Petrobras.
Com a reforma do estatuto, a BR deixa de ser uma "controlada de sociedade de economia mista" para se tornar uma companhia de capital aberto. A empresa também vai criar um comitê de governança corporativa e de partes relacionadas.
Os acionistas também aprovaram a adoção de uma cláusula que determina a realização de oferta a todos os acionistas caso algum investidor ou companhia compre ou alcance fatia de 50% ou mais do capital. A reforma também inclui a implementação de quorum qualificado para matérias estratégicas na alçada do conselho de administração.
O Valor apurou que alguns conselheiros da distribuidora ficaram descontentes com o fato de a controladora ter imposto uma reforma sem discuti-la previamente com o conselho da BR Distribuidora.
Além disso, membros do colegiado questionam as mudanças recentes no estatuto, alegando que a reforma abre brechas para que a petroleira mantenha uma posição predominante dentro do conselho da distribuidora, mesmo com o "follow-on".
Alguns conselheiros queixam-se que a reforma não limita a influência estatal sobre a governança da BR, já que, além de não reservar cadeiras no conselho para os minoritários, também não limita o número máximo de conselheiros eleitos por um único acionista.
A BR é a maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do país, em volume de vendas, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo. No primeiro trimestre de 2019, a participação da companhia nesse mercado foi de 27,4%. A estrutura de operação da companhia inclui 96 bases de armazenamento de combustível, 15 depósitos de lubrificantes e 99 postos de abastecimento em aeroportos. A BR tem a maior rede de postos do país, que trabalham com franquias de lojas de conveniência e centros de serviços automotivos.
Fonte: Valor