O Brasil perdeu seis posições e caiu para 81º lugar entre 138 países no ranking de competitividade global do Fórum Econômico Mundial. O resultado é agravado pela queda na inovação das empresas. Desde 2012 a economia brasileira acumulou perda de 33 posições na competitividade internacional, em meio a turbulências políticas, corrupção, recessão, ineficiência do governo, excesso de regulações, complexidade tributária.
O Relatório de Competitividade Global 2016-2017 deixa como maior sinal de alerta para o Brasil na escala de competitividade internacional a queda na inovação — o país passou da 84ª para 100ª posição. A sofisticação dos negócios brasileiros em relação aos estrangeiros agora fica em 63º lugar comparado a 56º em 2015.
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“Inovação, que ajuda a diversificar a economia e criar outros motores para o crescimento, será ainda mais importante no contexto da quarta revolução industrial como um fator para a competitividade”, afirma Daniel Gaviria, um dos autores do relatório, ao analisar a situação brasileira.
O relatório destaca que desempenho dos países em termos tecnológicos, sofisticação empresarial e inovação tem atualmente a mesma importância no estímulo da competitividade e crescimento.
“A inovação era, até recentemente, um fator positivo da economia brasileira, trazia mais produtividade, mas até isso estamos perdendo”, afirma o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, que participou da pesquisa específica no país.
“Já vimos esse ciclo acontecer em países como Argentina e Turquia”, afirma. “Quando se cria um ambiente institucional não favorável aos negócios, a primeira [deterioração] é institucional, depois na economia e terceiro na incapacidade das empresas de competirem tanto no mercado doméstico como internacional.”
Arruda observa que, na Argentina, a deterioração começou no governo Carlos Menem (1989-1999) e o país não se recuperou até hoje. Ele acredita que no Brasil não vai demorar tanto. “O Brasil já chegou ao fundo do poço e agora é tentar aproveitar o momento político para fazer reformas que possam destravar a economia e atrair investimentos na produção e no desenvolvimento de novas tecnologias''.
Outras áreas de preocupação são a deterioração do ambiente macroeconômico, que passou de 117º no ranking para 126º. O desenvolvimento do mercado financeiro caiu 35 posições, para 93º. O país afundou igualmente no acesso a serviços financeiros, ficando em 131º entre 138 países.
Entre os “sinais encorajadores” estão a melhora nas instituições, agora na 120ª posição. No ano passado, estava na 121ª. Mas o país continua entre os que mais têm desvio de dinheiro público (135º), falta de confiança do público nos políticos (138º), suborno (111)º, favorecimento nas decisões de autoridades públicas (121º) e desperdício de dinheiro público (125º). O comportamento ético das empresas no país fica em 131º posição. A perda de competitividade ocorre apesar de melhoras em infraestrutura e na educação.
O relatório do Fórum Economico Mundial, que organiza o Fórum de Davos, aponta pelo oitavo ano consecutivo a Suíça como a economia mais competitiva do mundo, seguida de Cingapura e Estados Unidos.
Por sua vez, a competitividade das maiores economias emergentes parece estar em convergência — mas com o Brasil atrás e o único a ter perdido espaço em 2016. A China (26ª posição) permanece na liderança nos Brics.
O maior avanço este ano é da Índia, que subiu 16 lugares passando para 39º e passando também Rússia (43º) e África do Sul (47º). Já a lacuna de competitividade entre países do Leste da Asia e Pacífico vem aumentando, com Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas caindo na classificação global.
Fonte: Valor